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Monumento inaugurado imortaliza luta contra "apartheid"

Leonel Matias (Maputo) / LUSA11 de setembro de 2015

Presidentes de Moçambique, Filipe Nyusi, e da África do Sul, Jacob Zuma, reiteraram esta sexta-feira (11.09) desejo dos seus países em trabalhar conjuntamente para a manutenção da paz na região e no combate à pobreza.

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Mosambik Südafrika Präsidenten Zuma zu Besuch
Presidentes da África do Sul, Jacb Zuma (esq.) e de Moçambique Filipe NyusiFoto: DW/L. Matias

A posição foi manifestada durante uma cerimónia de inauguração de um monumento em memória das vítimas do “apartheid”, num dos locais que foi alvo de um ataque do então regime sul africano em 1981.

O monumento e o respectivo centro de interpretação foram instalados na cidade da Matola, arredores de Maputo, palco de um ataque do então regime sul-africano em 31 de janeiro de 1981, onde foram mortos 17 ativistas sul-africanos anti-"apartheid", cinco moçambicanos e um português.

O ataque tinha em vista desencorajar Moçambique a continuar a dar abrigo ao Congresso Nacional Africano (ANC) , atual partido no poder na África do Sul, na luta contra o “apartheid”.

O atual Presidente sul-africano, Jacob Zuma, vivia na altura em Moçambique como exilado.

Laços de irmandade reforçados

Discursando na cerimónia de inauguração do monumento, os Presidentes Filipe Nyusi e Jacob Zuma, consideraram que a incursão armada da Matola solidificou os laços de irmandade entre os dois países.

Zuma disse que a África do Sul estava eternamente grata a Moçambique e reiterou a solidariedade do seu país, defendendo uma relação com base na ajuda mútua na busca de objetivos comuns. “Devemos identificar juntos questões estratégicas que afetam os nossos povos tais como o desemprego, a desigualdade e a pobreza. Devemos trabalhar juntos para ultrapassar esses desafios”, destacou o Presidente sul-africano.Por seu lado, o Presidente Moçambicano, Filipe Nyusi, defendeu, igualmente, que trabalhando juntos os dois países podem lograr sucessos na luta contra a pobreza. “Ontem, vencemos o regime do apartheid porque estivemos unidos, juntos, determinados e tínhamos uma ideia clara sobre os nossos objetivos. Hoje, também unidos vamos vencer o divisionismo e a pobreza que é um grande inimigo do nosso povo”, sublinhou Nyusi.

Memorial tem significado didático-histórico

Para o analista moçambicano Filimão Swazi, a inauguração do memorial tem um significado didático-histórico que marca as relações entre os dois países.

Swazi defende que os recentes atos de xenofobia na África do Sul que vitimaram vários moçambicanos não podem por em causa as “boas“ relações bilaterais.

Segundo o analista “mais do que uma divisão física de fronteiras, estamos numa situação de familiaridade com os sul-africanos. Dos dois lados das regiões fronteiriças entre os dois países, temos gente que partilha apelidos, que usa a moeda de um Estado quando pensa que está a usar o dinheiro do seu país, etc.etc. Este tipo de relações não pode acabar com simples atos isolados de algumas pessoas mal comportadas aqui e acolá”, conclui Filimão Swazi.

O Memorial

Xenophobie in Südafrika
Onda de xenofobia na África do Sul em abril de 2015Foto: Reuters/R. Ward

O memorial inaugurado é constituído por uma lápide onde estão inscritas palavras de ordem do braço armado do ANC, protegida por um alpendre de alumínio e dois murais com os nomes das vítimas, incluindo o cidadão português António Ramos Monteiro José, sobre quem se faz questão de explicar no mural que foi assassinado por ter sido confundido com Joe Slovo, na altura secretário-geral do Partido Comunista da África do Sul e forte aliado do ANC e também exilado em Moçambique.

O monumento possui também um centro de documentação de dois pisos, com enormes paredes de vidro, onde está conservada informação e fotografias associadas à presença de quadros do ANC em Moçambique.Com o ataque, o Governo sul-africano, que mantinha uma relação hostil com o Governo da FRELIMO, desde a independência de Moçambique em 1975, pretendia desmantelar uma das principais instalações do braço armado do ANC, que, apesar de nunca ter conseguido mover uma guerra de grande escala na África do Sul, atacou alguns alvos no país, normalmente à bomba, e era uma constante fonte de preocupação para os serviços de segurança do regime.

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