"Pacto para o Futuro" responde a gerações atuais e futuras
23 de setembro de 2024O "Pacto para o Futuro" foi adotado, em Nova Iorque, nos EUA, no arranque da "Cimeira do Futuro", que conta com a presença de dezenas de chefes de Estado, incluindo dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
O acordo prevê 56 ações em áreas como a manutenção da paz, reforma das instituições financeiras internacionais, luta contra as alterações climáticas, o desarmamento e o desenvolvimento da inteligência artificial.
O evento é apresentado como uma "oportunidade única" para mudar o curso da história e, ao documento principal, foram anexados outros dois: o "Pacto Digital Global" e a "Declaração sobre as Gerações Futuras".
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, saudou a adoção dos "três acordos históricos" sublinhando que o objetivo é promover uma mudança radical que permita tirar o "multilateralismo do abismo".
Guterres frisou que, apesar das dificuldades atuais, não existe uma resposta global eficaz para ameaças emergentes, complexas e "até existenciais". E criticou ainda o próprio Conselho de Segurança da ONU, considerando-o "desatualizado" e com a "autoridade a desgastar-se".
A Rússia tentou boicotar o documento através de uma alteração ao texto, que acabou rejeitada pela maioria da Assembleia-Geral da ONU.
Moçambique espera novo impulso
Por seu lado, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, que também marca presença na Cimeira, considerou que a adoção do "Pacto para o Futuro" representa uma resposta às necessidades das atuais e futuras gerações, esperando um impulso no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Com este pacto, "criamos bases seguras para responder às necessidades e interesses de gerações presentes e futuras", afirmou Nyusi, ao intervir no diálogo interativo "Reforçar o multilateralismo para a paz e segurança internacionais".
O Presidente moçambicano afirmou que esta Cimeira, que decorre até segunda-feira (23.09), no âmbito da 79.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, é igualmente "uma plataforma propícia para galvanizar o alcance das metas dos ODS".
"Seis anos antes do prazo, de 2030, apenas 17% das metas traçadas tinham avançado significativamente", observou Nyusi.
Guiné-Bissau defende poder da educação
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Carlos Pinto Pereira, também discursou este domingo na sede da ONU, onde destacou o poder da educação dando ênfase à necessidade de envolver os jovens nos processos de tomada de decisão.
A "Cimeira do Futuro" é "um ponto de viragem" para instituições mais inclusivas e representativas, acrescentou: "A Guiné-Bissau está comprometida com a sua parte e estamos a trabalhar fortemente para fortalecer as nossas instituições, promover a paz e estabilidade e implementar políticas que possam promover o desenvolvimento sustentável."
No entanto, o ministro reconheceu que a Guiné-Bissau não conseguirá atingir essas metas sozinho, salientando a necessidade de "apoio contínuo da comunidade internacional e das Nações Unidas para atingir os seus objetivos”
São Tomé anuncia fundo para reposicionar natureza
O Presidente de São Tomé e Príncipe anunciou nas Nações Unidas a criação de um "Conservation Trust Fund" (CTF), um fundo com o objetivo de reposicionar a natureza do país como um "ativo económico estratégico".
Carlos Vila Nova discursava este domingo (22.09) na "Cimeira do Futuro", onde defendeu que a criação deste fundo fiduciário de conservação ambiental será capaz de impulsionar o desenvolvimento sustentável de São Tomé e Príncipe, além de garantir uma maior previsibilidade de financiamento.
"Como pequeno Estado insular em desenvolvimento, enfrentamos desafios relacionados ao acesso a fontes previsíveis de financiamento e diversificação da nossa economia. O CTF será financiado por compromissos de investidores e filantropia, além de ter como objetivo facilitar trocas de divisa por adaptação climática", explicou, sublinhado que a preservação ambiental é uma prioridade para o país.
"Este fundo permitirá proteção de 30% do nosso oceano, conforme estipulado pela Convenção sobre a Biodiversidade, e servirá como um pilar central para o desenvolvimento da nossa 'economia azul' e do ecoturismo", afirmou Carlos Vila Nova.