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Moçambique: Secretariado da FRELIMO em Quelimane de saída

20 de janeiro de 2019

Primeiro secretário da FRELIMO em Quelimane, Pita Duarte Luís, diz que foi forçado a abandonar o seu mandato, que terminaria em 2022, pelos membros do seu partido. Faustino Nhacungo assume, interinamente, o lugar.

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Mosambik FRELIMO-Parteizentrum in Quelimane
Foto: DW/M. Mueia

Como a DW já havia dado conta, a FRELIMO enfrenta, em Quelimane, desde a semana passada, um período conturbado e de desestabilização no seu seio. Nos últimos dias, Pita Duarte Luís, que era o primeiro secretário do partido nesta cidade, foi acusado, por vários membros, de ser o responsável pelas sucessivas derrotas nas autárquicas de 2011, 2013 e 2018. Apontaram-lhe ainda o dedo por má gestão.

No entanto, e em entrevista à DW África, o agora ex-primeiro secretário do partido em Quelimane, vem defender-se. E explica ter abandonado o poder, não por livre e espontânea vontade, mas porque se sentiu pressionado por outros membros do partido.

"Não me demiti. Deixei o cargo à disposição para os membros do comité da cidade. No nosso partido não se usa a palavra "demitir". Os militantes acusavam-me de arrogância, não está relacionado com a má gestão", explica Pita Duarte Luís, que diz ainda sentir-se bem com a decisão, uma vez que não chegou ao cargo por "ambição", mas porque foi "eleito pelos camaradas".

Mosambik Krise von Frelimo | Paulino Lenço
Pita Duarte LuísFoto: DW/M. Mueia

As acusações acerca dos maus resultados da FRELIMO também são negadas por Pita Duarte. "Quando entrei tivemos muitos membros do partido que entraram como membros da assembleia municipal de Quelimane. Trabalhámos muito. A nossa intenção era a de resgatar o município de Quelimane. O que falhou não sei dizer".

 

"Não quis criar ruído" no partido

Pita Duarte Luís garante que a "casa está organizada" e que por isso "quem vier pode dar continuidade [ao trabalho]". "Eu gostaria de terminar o meu mandato como qualquer um, porque fui eleito, e por isso devia terminá-lo. Mas, os membros fizeram um abaixo assinado [para a cessação de funções deste secretariado], e eu devo deixar [o lugar] para não criar ruídos no partido", acrescentou.

No entanto, este domingo (20.01), alguns simpatizantes da FRELIMO contestaram o afastamento do primeiro secretário. Abdala Nito é um deles. À DW diz que: "uma camisa quando está velha e suja, pode ser lavada e continuar a ser usada. O mais importante é sentar e falar sobre no que se está a falhar para depois ver se podemos endireitar o que está torto".

De acordo com fontes do partido FRELIMO na Zambézia, Pita Duarte Luís  candidatou-se e foi eleito para o cargo de primeiro secretário da FRELIMO em Quelimane em 2012. Voltou a candidatar-se em 2017 para o segundo mandato, que não chegou a concluir devido esta crise interna que se desencadeou dentro do partido.

Prioridade são eleições de outubro

Mosambik Krise von Frelimo | Pita Duarte Luís
Paulino LençoFoto: DW/M. Mueia

Ouvido também pela DW, Paulino Lenço, secretário provincial da FRELIMO na Zambezia, diz que o partido está preparado "para resolver os seus problemas internos e eventuais casos que possam surgir. Debatemo-los e o que ficou decidido é que vamos preparar-nos para as eleições gerais, que se realizam em outubro deste ano".

A reunião do comité da FRELIMO em Quelimane, que culminou com a saída do primeiro secretário, decorreu na quinta-feira (17.01). Para além de Pita Duarte Luís, foram também afastados Santos Emílio, que ocupava o cargo de secretário para a mobilização e formação de quadros, e Amina Manuel Tabane, com funções no setor das finanças. Cargos estes que passam a ser ocupados interinamente por Faustino Nhacungo e o seu adjunto Silvério dos Anjos. Alice Magaia passa a controlar a área das finanças.

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