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Gás Natural: "Este é o tempo de Moçambique"

Lusa | ni
24 de junho de 2019

As receitas do projeto de gás natural aprovado na semana passada deverão, em dez anos, valer 2,6 mil milhões de euros anualmente. E isso deverá duplicar a totalidade do montante atual, estima a consultora Wood Mackenzie.

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Plataforma de prospeção da ENI operando na bacia do Rovuma, Cabo DelgadoFoto: ENI East

Comentando os projetos de gás natural em Moçambique, a consultora Wood Mackenzie disse que a Decisão Final de Investimento (DFI), anunciada pela Anadarko na semana passada, torna-se na segunda decisão mais onerosa a seguir ao projeto Arctic LNG-2, na Rússia, e a maior de sempre no setor do petróleo e gás na África subsaariana.

"Acreditamos que, a partir do início da década de 2030, as receitas estatais do projeto Mozambique LNG vão chegar a mais de 2,6 mil milhões de euros por ano, duplicando, por si só, as receitas atuais calculadas pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial", disse o analista da consultora Jon Lawrence.

Otimista, entende que "com uma forte procura pelo gás natural liquefeito, este é o tempo de Moçambique".

Previsões de crescimento em função do gás

O plano de desenvolvimento da Área 1 da Bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, a província nortenha do país, está avaliado em 25 mil milhões de dólares - o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

A decisão foi anunciada na terça-feira (18.06.) e esta é só metade da prosperidade prometida, porque um plano de dimensão semelhante já foi aprovado pelo Governo para outro consórcio, que vai explorar a Área 4, na mesma bacia, e cujo anúncio está previsto para o final do ano.

Schiffsplattform Saipem
Plataforma de prospeção da ENI operando na bacia do Rovuma, Cabo DelgadoFoto: ENI East

Os projetos de gás natural devem entrar em produção dentro de aproximadamente cinco anos e colocar a economia do país a crescer mais de 10% ao ano, segundo previsões do Fudo Monetário Internacional, FMI.

Os processos

Para lá chegar, a Área 1 vai investir 21,97 mil milhões de euros que vão ser utilizados para furar o fundo do mar, sugar o gás natural através de 40 quilómetros de tubagens para uma nova fábrica onde vai ser transformado em líquido, na península de Afungi, distrito de Palma.

Ao lado desta fábrica vai ser construído um cais para navios cargueiros especiais poderem ser atestados com gás natural liquefeito (GNL), que vai ser vendido sobretudo para mercados asiáticos (China, Japão, Índia, Tailândia e Indonésia), mas também europeus, através da Eletricidade de França, Shell ou a britânica Cêntrica.

Uma parcela pequena do GNL deverá ser canalizada para produção de eletricidade, transformação em combustíveis líquidos e adubos no país.

Tudo deve estar pronto em 2024. O plano da Área 1 prevê inicialmente duas linhas de liquefação de gás com capacidade total de produção de 12,88 milhões de toneladas por ano, sendo que o empreendimento pode crescer até oito linhas.

Anadarko de saída

USA Occidental Petroleum in North Dakota
Um dos escritórios da Occidental nos EUAFoto: Reuters/E. Scheyder

A Anadarko considera as jazidas da sua Área 1 equivalentes ao dobro do gás e petróleo que há para explorar na área britânica do Mar do Norte e classifica a bacia do Rovuma como a próxima grande zona de exploração de hidrocarbonetos do mundo.

Além da petrolífera norte-americana que lidera o consórcio com 26,5%, o grupo que explora a Área 1 é constituído pela japonesa Mitsui (20%) e a petrolífera estatal moçambicana ENH (15%), cabendo participações menores à indiana ONGC (10%) e à sua participada Beas (10%), à Bharat Petro Resources (10%), e à tailandesa PTTEP (8,5%).

A Anadarko deve ceder a liderança do consórcio à francesa Total até final do ano, depois de ser comprada (processo ainda em curso) por outra petrolífera dos EUA, a Occidental, que por sua vez celebrou um acordo para venda dos ativos em África.