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Nhongo ameaça com ataques no dia da tomada de posse de Nyusi

Arcénio Sebastião (Beira)
12 de dezembro de 2019

O líder da autoproclamada "Junta Militar" da RENAMO, Mariano Nhongo, diz que não ordenou ataques dos últimos dias contra viaturas no centro de Moçambique. Mas ameaça com violência para a tomada de posse de Filipe Nyusi.

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Mariano Nhongo, chefe da "Junta Militar" da RENAMOFoto: DW/A. Sebastião

Mariano Nhongo nega a autoria dos ataques dos últimos dias nas estradas do centro de Moçambique, mas ameaça recorrer à violência no dia tomada de posse do Presidente Filipe Nyusi, prevista para 15 de janeiro.

Em entrevista pelo telefone à DW África a partir do seu esconderijo, Nhongo lembra que os homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e os da "Junta Militar" usam fardas da mesma cor. Por conseguinte, poderia ser a outra parte a orquestrar os ataques.

"Não me pode entrevistar sobre ataques, não sei sobre ataques. Você perguntou a quem está a fazer os ataques? Vocês não sabem que aí nas matas há pessoas armadas?"

Nhongo acrescenta que há "soldados da RENAMO" que ainda estão armados e assegura que a "Junta Militar", o grupo que lidera, "nunca comprou armas, nem nos países estrangeiros, nem tem essa capacidade de buscar armas."

A RENAMO tem rejeitado sucessivamente estar por trás da violência, apontando o dedo ao grupo de Nhongo.

 RENAMO Guerillakämpfer in Gorongosa, Mosambik
A farda da "Junta Militar" e dos homens armados da RENAMOFoto: DW/A. Sebastiao

Ataques sem rosto?

O líder da autoproclamada "Junta Militar" diz que também quer conhecer os autores dos ataques e dos sequestros, que alega estarem a ocorrer em algumas regiões do centro de Moçambique: "Quem são esses que andam a raptar e a matar a população? Na semana passada, foram levadas seis pessoas de Gorongosa e foram mortas em Dombe. De Nhamatanda foram levadas três pessoas e foram mortas em Mutindir. Porquê isso?"

Nhongo afirma que é da inteira responsabilidade do Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) apurar a identidade dos atacantes. 

Sobre uma possível negociação com o Executivo, o líder da "Junta Militar" diz que ainda não teve qualquer resposta a uma carta que enviou a Maputo em setembro, em que apresentou as suas exigências.

Nhongo ameaça com ataques no dia da tomada de posse de Nyusi

"Junta Militar" ameaça atacar viaturas

Nhongo, de 51 anos, lidera a "Junta Militar" da RENAMO desde agosto, após a sua eleição numa conferência realizada na Gorongosa.

Agora, ameaça recorrer à violência no dia da tomada de posse de Filipe Nyusi, eleito Presidente da República de Moçambique a 15 de de outubro, prevista para janeiro. O líder da "Junta Militar" diz que vai atacar e incendiar viaturas que passarem pelas estradas do centro do país, caso Nyusi tome posse.

"Quem tiver carro é melhor guardá-lo", adverte.

Quanto aos 20 processos-crime que a Procuradoria-Geral da República (PGR) instaurou contra alegados homens da "Junta Militar", detidos nas províncias de Zambézia, Manica e Sofala, Nhongo diz que prefere ver para crer. Mas assegura que "a pessoa que tem arma não é condenada".

Os pronunciamentos de Mariano Nhongo surgem numa altura em que se intensificam os ataques na Estrada Nacional 1 (N1), com registo de feridos e mortos. Na região, fala-se em emboscadas entre as forças opostas e no rapto de vários cidadãos acusados de acomodar homens armados.

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