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Moçambique: MDM em crise na província de Nampula?

Sitoi Lutxeque (Nampula)
27 de outubro de 2020

Membros do MDM na província de Nampula encerraram, no início de outubro, o gabinete do delegado provincial como forma de, alegadamente, pressionar o partido a mudar de delegado, no poder há seis anos.

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Mosambik MDM Parteidelegation in Nampula
Delegação do MDM na província de Nampula, norte de MoçambiqueFoto: Sitoi Lutxeque/DW

Agrava-se a crise interna no seio do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), na província moçambicana de Nampula. Os membros desta formação política encerraram as portas da delegação política provincial a 5 de outubro, exigindo a retirada do atual delegado, Vasco Napaua, no poder desde 2014.

Os revoltosos, que aceitaram falar à DW África, mas sem gravar entrevista, e na condição de anonimato, explicaram que a medida visa pressionar o delegado político provincial do MDM, Vasco Napaua, a abandonar a gestão do partido a nível da província, por entenderem que dá espaço a conflitos internos, maus resultados eleitorais e ao abandono de membros.

"À semelhança do que sucedeu na delegação da cidade [mudança do delegado], esperávamos que com a visita do presidente Simango, no mês passado, houvesse mexidas na delegação provincial, mas nada aconteceu, por isso decidimos fechar as portas e criar uma comissão de gestão interna", esclareceu um dos membros descontentes com a direção.

"RENAMO é um partido maduro"

Devido a problemas internos no MDM, o segundo maior partido da oposição, já está a perder quadros a favor de outras formações políticas.  Nos princípios de outubro, pelo menos 16 membros abandonaram o partido filiando-se a RENAMO, a principal força da oposição.

Mosambik | Manuel Tocova | Luís Boavida | Vasco Napaua | Mitglieder der MDM-Partei
Vasco Napaua (dir.), delegado provincial do MDM em NampulaFoto: DW/Sitoi Lutxeque

Dos militantes dissidentes o destaque vai para Maria Moreno, antiga membro da Comissão Politica do partido, e Gamito dos Santos, antigo chefe de informação na liga provincial da Juventude. Este, mesmo depois de ausente do partido por mais de dois anos, em princípios deste mês decidiu formalizar a sua saída.

"Eu escolhi [filiar-me] na RENAMO como um partido maduro e que luta pela democracia. Como sabemos, nós que apoiamos a oposição neste país lutamos contra algumas situações que a FRELIMO tem implantado no seio da população moçambicana", diz Santos.

MDM está disposto a ouvir os seus membros?

Sobre o braço-de-ferro instalado entre os membros do MDM e o seu delegado, Gamito dos Santos diz que a decisão dos revoltosos é acertada e que o partido tem de os ouvir e solucionar o problema.

Daviz Simango
Daviz Simango, líder do MDMFoto: DW/A. Sebastião

"Este delegado é uma das pessoas que criou condições para que houvesse crispações, fazendo com que haja deserções de membros do partido, neste caso a minha pessoa e outros", acusa.

E neste contexto Santos afirma: "Achamos que, na verdade, este delegado nunca inspirou confiança politica e o Daviz Simango anda a manter este delegado, já faz tempo".

Contactado pela DW Africa, Vasco Napaua, delegado politico provincial do MDM, não comentou as acusações feitas pelos seus colegas, afirmando que se encontra fora da cidade e a "natureza do assunto" não permite falar dele ao telefone.

MDM minimiza abandonos

Entretanto, Sande Carmona, porta-voz nacional do MDM, minimizou os abandonos, afirmando que os dissidentes não eram membros - usavam o nome do seu partido apenas para propaganda política.

O porta-voz diz ainda desconhecer os últimos desenvolvimentos em Nampula.

Mosambik | Partei MDM attackiert | Partei FRELIMO
Sande Carmona, porta-voz do MDMFoto: Arcénio Sebastião/DW

"Até ao momento que me ligou, não tenho informação de qualquer encerramento da sede do MDM na província de Nampula. Essas pessoas que disseram isso ainda não reportaram ao partido a nível central para tomar conhecimento", diz. 

Coincidência ou não, o certo é que, Daviz Simango, que visitou a província de Nampula em finais de setembro, marcou, novamente, uma visita de trabalho a esta província no próximo dia 5 de novembro. Carmona diz que não está agendada a resolução de conflitos internos, até porque, se existem, não são do conhecimento da sede nacional.

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