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Combater a cegueira causada pela catarata em Cabo Delgado

12 de agosto de 2019

Há cada vez mais casos de cataratas na província de Cabo Delgado. Até ao final do ano estão previstas cerca de 1200 operações só nesta região, onde a população idosa é a mais afetada e precisa de maiores cuidados.

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Mosambik Anastácia Lidimba
Anastácia LidimbaFoto: DW/D. Anacleto

As doenças oculares têm vindo a aumentar em Cabo Delgado, no norte de Moçambique. As cataratas e os tracomas são os mais comuns e frequentes. Estas requerem tratamento antecipado para evitar a cegueira. O setor da saúde já está a promover tratamentos para melhorar a saúde ocular da população.

Moçambique: cura para as cataratas chega a mais pessoas

Apesar de não haver ainda qualquer estudo sobre a prevalência de cataratas em Cabo Delgado, o setor de saúde na província está preocupado com o número crescente de casos. Segundo fontes oficiais, todos os anos dão entrada nas unidades de saúde cerca de 2000 casos.

No entanto, os serviços de oftalmologia ainda não estão disponíveis em todos os 17 distritos da província. Para combater a cegueira provocada pela catarata, estão a ser feitas campanhas de operações gratuitas.

A intenção é melhorar a vida dos pacientes, de acordo com o responsável pela saúde ocular do Hospital Provincial de Pemba. Sérgio Mosse explica que o fator idade é a principal causa do aparecimento da catarata, mas há outras.

"Existem algumas cataratas que aparecem logo à nascença, catarata congénita, há aquelas cataratas que surgem por causa de um trauma. Também tem aquelas situações em que as cataratas aparecem com outras doenças sistémicas – diabetes, HIV/SIDA. Mas o mais importante é que esta catarata leva à cegueira e tem que ser feita uma operação para que se possa restaurar a visão”, explica Mosse.

Mosambik Sérgio Mosse
Sérgio Mosse, médico oftalmogistaFoto: DW/D. Anacleto

Testemunhos de curas

A catarata é considerada a principal causa de cegueira no mundo, abrangendo sobretudo pessoas da terceira idade. Em Cabo Delgado, estão previstas 1200 operações até ao final do ano. A DW África acompanhou uma pequena incisão, nome pelo qual é conhecida a cirurgia de cataratas. Terezinha Selemane foi uma das pacientes que passou por esta cirurgia recentemente e falou sobre o seu caso.

"Não enxergava nada, mas agora já consigo. Quando voltar à comunidade irei mobilizar os outros que sofrem da doença para que venham ser operadas para voltar a ver bem", relata Terezinha Selemane.

Mosambik Tereza Selemane
Terezinha Selemane foi uma das pacientes tratadas recentementeFoto: DW/D. Anacleto

Talapa José é outro paciente que já tem problema de visão há muitos anos e só agora conseguiu ser operado. "Foi em 1974 que comecei a ter problemas de visão. Só agora consegui ser operado e sinto-me bem. Homens, mulheres e crianças vamos procurar tratamento de vista... a operação é gratuita."

Depois da operação, a higiene pessoal, especialmente facial, é crucial. Durante os seis meses de tratamento, comportamentos como tocar os olhos com as mãos sujas, toalhas ou outros objetos pode trazer riscos de saúde ocular maiores, adverte Sérgio Mosse.

"O doente pode ser bem operado, mas se não tem esses cuidados de higiene individual pode levar com que haja uma infeção e a infeção que surge durante o processo de cura de catarata... é muito dolorosa e pode fazer com que o olho se perca totalmente e haver necessidade de remoção", avisa Mosse.

Futuros tratamentos

Em Cabo Delgado iniciou recentemente também o tratamento do tracoma, outra doença ocular que pode levar à cegueira. Esta doença é diferente das cataratas, em que os pacientes são maioritariamente idosos, o grupo alvo do tratamento do tracoma é toda a família. A previsão é abranger perto de 94 mil pessoas de todas as idades.

Anastácia Lidimba é a diretora provincial da Saúde de Cabo Delgado e explica a atual situação na região. "Somos uma das províncias com maiores taxas de tracoma, que é uma doença da comunidade que requer um tratamento preventivo. Estaremos a fazer tratamento com antibióticos para adultos e pomadas oculares para crianças."