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Relações com Angola “são, neste momento, excelentes”

Lusa | mjp
20 de janeiro de 2018

Augusto Santos Silva escusou-se a comentar intenção de Luanda de fechar consulados em Lisboa e Faro. Chefe da diplomacia diz que não teme bloqueio económico de Angola no âmbito do julgamento de Manuel Vicente.

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Consulado de Angola em LisboaFoto: DW/J. Carlos

"Não tenho nada a dizer. Essas comunicações são por via formal", disse o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, quando questionado sobre a proposta conhecida este sábado (20.01) que prevê que o Governo angolano encerre nove embaixadas e 18 consulados-gerais, nomeadamente os consulados de Lisboa e Faro, para poupar mais de 66 milhões de dólares.

"As relações diplomáticas entre os dois países são, neste momento, excelentes. Aliás, acabo mesmo agora de receber a confirmação da hora e do local do próximo encontro bilateral de alto nível entre Portugal e Angola em Davos, na Suíça entre o presidente da República de Angola e o primeiro-ministro da República portuguesa", afirmou Augusto Santos Silva.

"Não temo nada”

Durante a visita à feira Maison & Objet, que arrancou esta sexta-feira e decorre até 23 de janeiro no Parque de Exposição de Paris Nord Villepinte e em que participam mais de cem empresas portuguesas, Santos Silva rejeitou temer um futuro bloqueio económico de Angola no âmbito da 'Operação Fizz' que está a gerar tensões entre os dois países.

"Não temo nada. Não ignoro que há aqui - como o primeiro-ministro disse, numa expressão que me pareceu feliz -- um irritante. Há uma agravante que é: a solução desse irritante não está nas mãos, nem do presidente da República, nem da Assembleia da República, nem do Governo. Não está nas mãos do poder político, mas com paciência, com sentido de Estado, com a responsabilidade de todos, superaremos esse irritante e convém não exagerá-lo", afirmou.

Portugal Außenminister Augusto Santos Silva
Augusto Santos SilvaFoto: picture-alliance/dpa/A. Cotrim

O chefe da diplomacia portuguesa insistiu que não fala sobre questões de justiça devido ao "princípio constitucional básico em Portugal - aliás, na generalidade das democracias" da independência do poder judicial face ao poder político e vice-versa.

Reiterando que "à justiça o que é da justiça, à política o que é da política", Santos Silva disse tratar apenas da política externa e, nesse sentido, o ministério dos Negócios Estrangeiros tem "tratado de forma a que o relacionamento entre Portugal e Angola se intensifique" porque é um "interesse recíproco".

"Nós temos muito densas relações históricas, partilhamos a mesma língua, pertencemos a várias organizações multilaterais e concertamos as nossas posições dentro dessas organizações e temos um relacionamento económico muito denso", declarou.

Na segunda-feira, tem início do julgamento da 'Operação Fizz', em que o ex-vice-Presidente angolano, Manuel Vicente, é acusado de corrupção ativa em coautoria com o advogado Paulo Blanco e Armindo Pires, branqueamento de capitais, em coautoria com Paulo Blanco, Armindo Pires e Orlando Figueira e falsificação de documento, com os mesmos arguidos.

A Procuradoria-Geral da República recusou transferir o processo para Angola, ao abrigo de convenções judiciárias com a CPLP, o que levou o Presidente angolano, João Lourenço, a classificar como "uma ofensa" a atitude da Justiça portuguesa, advertindo que as relações entre os dois países vão "depender muito" da resolução do caso.