1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

MNE da Ucrânia foi a Maputo contrariar "propaganda" russa

Lusa
26 de maio de 2023

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, disse em Maputo que o périplo que está a realizar em África pretende contrariar o investimento russo em desinformação no continente.

https://p.dw.com/p/4Rqwp
Dmytro Kuleba Außenminister Ukraine
Foto: Volodymyr Tarasov/Avalon/Photoshot/picture alliance

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, disse esta sexta-feira (26.05) em Maputo que o périplo que está a realizar em África pretende contrariar um investimento russo em desinformação no continente, onde muitos países se mantêm neutrais face à guerra.

"Sabemos o quanto a Rússia investe em espalhar propaganda e desinformação em África e nós viemos para contar a história verdadeira" sobre a guerra na Ucrânia, referiu aos jornalistas após encontros com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo.

Depois de na quinta-feira (25.05), na Etiópia, ter apelado a vários países africanos para abandonem a neutralidade face ao conflito, Kuleba juntou hoje a sua experiência pessoal aos argumentos expostos em ambos os encontros em Moçambique - um dos países que se tem mantido neutro.

Na última noite, "Kiev e outros sítios foram novamente atacados por mísseis e 'drones' russos e os meus filhos, que estão em Kiev, ligaram-me hoje de manhã assustados", contou.

Em busca de apoio pelo "Plano de Paz de Dez Pontos"

O testemunho sobre o que passa no terreno - para que "os africanos percebam melhor o que se passa na Ucrânia" - é um dos pontos essenciais nas conversas com os líderes africanos, disse, a par do apelo para que apoiem o "Plano de Paz de Dez Pontos" proposto em dezembro pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Um plano que acolhe "princípios e interesses não só dos países ocidentais, mas também de países representantes da Ásia, África e América do Sul", sublinhou.

Ukraine Dnipro | Russische Angriffe auf Dnipro
Ataque russo em Dnipro esta sexta-feira fez, pelo menos, um mortoFoto: Mykola Synelnykov/REUTERS

As palavras de Kuleba têm destinatários definidos. A Rússia mantém uma presença substancial em diversas zonas de África, efetuou recentemente manobras militares conjuntas com a África do Sul e Moscovo planeia realizar uma cimeira África-Rússia em julho.

Abstenções

Vários países africanos abstiveram-se em votações na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que condenavam a invasão russa da vizinha Ucrânia, a 24 de fevereiro do ano passado -- Moçambique foi um deles, assumindo neutralidade e apelando ao diálogo para pôr termo à guerra a partir do seu lugar de membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, um mandato de dois anos iniciado em janeiro.

Tal como já havia dito na quinta-feira, na Etiópia, Kuleba voltou hoje a referir que a neutralidade não é solução, mostrando-se, no entanto, sensibilizado com a solidariedade moçambicana. "A neutralidade pode ter diferentes formas, e hoje [nos encontros em Maputo] senti uma forte simpatia e apoio - que não é neutral, é favorável à Ucrânia -, mas também recebi explicações sobre o porquê de Moçambique se abster no voto, expressando neutralidade", disse Kuleba em resposta à Lusa. 

"Só que a neutralidade não dá uma melhor posição para mediar" o conflito, diz Kuleba, considerando que os papéis são muito distintos: "Há um agressor que ataca e uma vítima que se defende", concluiu.

Dmytro Kuleba chegou hoje de manhã a Maputo, após uma escala em Joanesburgo, oriundo da Etiópia. 

Em poucas horas na capital moçambicana, o chefe da diplomacia ucraniana foi recebido à porta fechada pelo chefe de Estado, Filipe Nyusi, e depois pela ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo. Nos encontros, os dois países acordaram estreitar relações, com a celebração de acordos bilaterais, a abertura de uma baixada da Ucrânia em Moçambique e a realização de um fórum de negócios.

Kuleba vai manter outros encontros em Moçambique durante o resto do dia e deixa o país no sábado para continuar o périplo africano, que inclui visitas a Marrocos e ao Ruanda.

Guerra na Ucrânia: Para quando uma contraofensiva?