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Migração em análise: O fim da crise no Governo alemão?

DPA | Reuters | Lusa | mjp
1 de julho de 2018

O partido conservador da chanceler Angela Merkel, a CDU, e a ala bávara, a CSU, reúnem-se em separado este domingo para analisar medidas e acordos sobre a imigração. Crise migratória abala o Governo de coligação.

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Ministro do Interior, Horst Seehofer, e chanceler Angela Merkel.Foto: picture-alliance/dpa/P. Zinken

Este domingo poderá ser o dia do fim do impasse entre os dois partidos conservadores que tem vindo a ameaçar derrubar o Governo da chanceler alemã, Angela Merkel.  Membros dos dois partidos deverão consultar - em duas reuniões distintas - as medidas para resolver o problema da imigração apresentadas pela chanceler, incluindo os vários acordos firmados com os parceiros da União Europeia, na semana passada.

Angela Merkel, líder dos democratas-cristãos (CDU) tem estado a ser pressionada pela União Social-Cristã (CSU) da Baviera a limitar a entrada de migrantes e refugiados no país.

O líder da CSU, Horst Seehofer, que é também o ministro do Interior, deverá anunciar na segunda-feira se aceita as propostas decididas pelos líderes europeus na sexta-feira ou, como ameaçou, impõe o seu "plano migratório", que inclui a expulsão de migrantes registados noutros países europeus.

Os dois líderes encontraram-se no sábado (30.06) numa reunião à porta fechada numa tentativa de ultrapassarem as suas divergências. No final, não foram avançados quaisquer detalhes sobre a discussão.

Duas reuniões, duas decisões

Belgien EU-Gipfel in Brüssel | Angela Merkel, Bundeskanzlerin
Angela Merkel em Bruxelas, após a cimeira dos líderes europeus.Foto: Reuters/F. Lenoir

Já este domingo, numa reunião em Munique, a CSU deverá decidir se os acordos que Angela Merkel firmou com outros países da UE - para acelerar o repatriamento de migrantes que chegam à Alemanha depois de terem requerido asilo nesses países – se encaixam na forma como a ala bávara entende que deve ser resolvida a questão da migração.

Entretanto, Merkel aprovou um plano da CSU para criar "centros âncora” junto às fronteiras alemãs para acolher migrantes enquanto se analisam os seus requerimentos de asilo. Aqueles que virem o pedido rejeitado serão enviados de volta para os seus países de origem.

Também Angela Merkel planeia reunir membros do seu próprio partido, este domingo, para decidir se a relação com a CSU – em vigor desde 1949 – continua a ser viável. Em entrevista à ZDF, Merkel disse que não é certo que a disputa seja resolvida até ao final do dia.

Sem a CSU, a coligação de Merkel, que também inclui o SPD, de centro-esquerda, perde a maioria parlamentar. Não se sabe se a chanceler continuará a governar sem o partido, se encontrará uma nova coligação ou se haverá novas eleições.

SPD tem algo a dizer

Libyen Internierungslager für Flüchtlinge
Centro de detenção de migrantes em Karareem, na Líbia.Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Brabo

Entretanto, o SPD decidiu este domingo contribuir para o debate com um plano de cinco pontos sobre políticas de migração e refugiados. O Partido Social-Democrata da Alemanha exige "uma solução europeia" para a questão migratória, mais apoio aos países fronteiriços e uma nova lei de imigração alemã, segundo um documento interno.

O documento, citado pelo semanário Der Spiegel, deve ser aprovado pela direção do partido na segunda-feira, o que pode complicar o debate interno no Executivo.

Na proposta, o SPD alinha com Angela Merkel na oposição ao encerramento unilateral das fronteiras alemãs. A liberdade de circulação dentro da União Europeia, lê-se no documento, é uma das "conquistas centrais da Europa", pelo que uma "ação unilateral nacional seria um erro".

A proposta vai contudo mais longe e inclui pontos que incomodam a União Democrata-Cristã (CDU) de Merkel, como uma nova lei de imigração que permita atrair trabalhadores qualificados.

O texto citado pelo Spiegel defende a separação entre imigração por motivos humanitários da imigração por motivos económicos e defende que a Alemanha precisa de trabalhadores qualificados devido ao envelhecimento populacional, razões pelas quais exige "uma lei de imigração o mais rápido possível".

O documento inclui, por outro lado, princípios que também são defendidos pelos conservadores como o reforço das fronteiras externas da UE, o apoio aos parceiros europeus mediterrânicos e o combate às causas dos fluxos migratórios.