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Mali: campanha eleitoral em estado de emergência

Fernandes, Carla Marisa6 de junho de 2013

Daqui a cerca de sete semanas, os malianos deverão escolher um novo presidente. 28 de julho é a data das eleições. Mas há uma questão que se coloca: será este prazo viável?

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Entre a população do Mali, não se discutem os programas partidários ou os candidatos. A questão é se as eleições vão mesmo realizar-se no final de julho. O Governo de transição voltou a prolongar o estado de emergência e só depois é que o acto eleitoral pode realizar-se.

Rokia Diarra Karambé é defensora dos direitos da mulheres e presidente da Federação das Associações dos Migrantes do Mali e não consegue imaginar que as eleições no seu país se realizem a 28 de julho. "O governo diz que as eleições serão em julho mas muitos cidadãos e a sociedade civil acham que isso não é possível", afirma, considerando que "essa data tem de ser adiada". "Porque não nos dão mais quatro meses para a preparação?", questiona Rokia Diarra Karambé.

Candidatos ofuscados pela questão da segurança

Muitas pessoas no país pensam como ela. Entretanto, nas semanas passadas, muitos partidos já definiram os seus candidatos. Dramane Dembele parece ter boas chances. O engenheiro de 46 anos é visto como o sucessor do Presidente de transição, Dioncounda Traoré, que não pode candidatar-se. Ele candidata-se pelo partido Adema-PASJ, a Aliança para a democracia no Mali.

Os media malianos falam dos diferentes candidatos já apresentados e dos desenvolvimentos nos partidos políticos mas, nas ruas da capital, Bamako, não se fala disso. A segurança é o tema do dia. Issaga Kampo, primeiro vice-presidente da Comissão Eleitoral Nacional Independente, fala das preocupações dos malianos, lembrando que "não há segurança a cem por cento".

"Nós estamos a sair de uma crise. As condições eram muito diferentes em 2010, 2011 ou inícios de 2012. O norte estava ocupado por terroristas. Ainda bem que eles já lá não estão. A comunidade internacional, juntamente com o Mali, quer criar passo a passo um mínimo de segurança para a organização das eleições", explica.

Doações congeladas preocupam sociedade civil

A situação em Kidal continua a ser problemática. Ao contrário do que acontece em Gao e Tombuctu, a cidade ainda está ocupada por tuaregues do movimento de libertação da Azawad (MNLA). Desde o início da semana, soldados malianos mobilizaram-se para a região e na terça-feira (4.06) houve confrontos entre os soldados e os tuaregues. Uma solução para o conflito é mais urgente do que nunca, já que a União Europeia quer que Kidal também participe das eleições.

Muitos malianos estão incomodados com a pressão internacional para que se realizem eleições a 28 de julho. Mas o Mali recebeu muito dinheiro dos doadores internacionais, as suas receitas dependem muito de doações, que, durante anos, constituíam um quarto do orçamento do Estado. Com o golpe de Estado de 22 de março de 2012, as doações foram quase totalmente congeladas. Por isso, Issaga Kampo afirma que "está tudo parado".

"Não há iniciativas locais, não há financiamentos, não há investimentos. Se não voltarmos a um governo legítimo, deixamos de receber ajuda internacional. Ninguém quer investir quando não tem a garantia de que o dinheiro servirá um propósito."