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Mais de 40 crianças guineenses em risco de ficar na rua

Braima Darame (Bissau)24 de fevereiro de 2014

O orfanato Lar Bethel de Bissau está à beira de fechar, por falta de apoios financeiros. O orfanato acolhe 42 crianças abandonadas pelos pais devido à falta de meios de subsistência em casa.

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Foto: DW/B.Darame

Joel chegou há pouco tempo ao Lar Bethel. Ele é um bebé com poucas semanas, que foi entregue no orfanato guineense por vizinhos da família que o rejeitou. A mãe morreu durante o parto, dizia-se que o recém-nascido carregava uma maldição.

Porém, dar abrigo a bebés e crianças como Joel é cada vez mais difícil, afirma Francisca Conceição. Esta missionária criou o Lar Bethel há quatro anos nos subúrbios de Bissau. O orfanato depara-se com graves problemas financeiros e falta de apoio desde o golpe militar de 2012.

"Estamos a viver com muita dificuldade. Temos tido ajudas esporádicas", diz a missionária.

Waisenhaus in Guinea-Bissau
Francisca Conceição (esq.) diz que, se não receber apoios, o orfanato que fundou terá de fechar em breveFoto: DW/B.Darame

O Lar Bethel ainda não conseguiu reunir um grupo de doadores fixos e vive das ajudas pontuais de amigos e algumas entidades. O único apoio regular consiste na entrega de alimentos pela Parceria Internacional para o Desenvolvimento Humano. Por isso, Francisca Conceição prevê uma situação difícil num futuro próximo.

Muitas despesas

"Não sei o que poderia acontecer com essas crianças, porque não temos como as manter" conta. "Elas estão a crescer, precisam de roupa, calçado e de uma boa alimentação – essa é a minha maior preocupação. E é isso que não estamos a conseguir dar."

As crianças dormem aos pares, porque não há camas para todos. E partilham instalações sanitárias, construídas de raiz, oferecidas por uma empresa da capital guineense.

Francisca Conceição sente-se desprezada pelas autoridades.

Waisenhaus in Guinea-Bissau
Crianças dormem aos pares nos beliches do Lar BethelFoto: DW/B.Darame

"Parece que eu e estas crianças aqui não existimos." A missionária diz que já bateu a várias portas, mas nenhuma se abriu ainda.

"Está muito difícil para mim, porque são cinco refeições diárias para as nossas crianças, fora a medicação e os alugueres", explica Francisca Conceição. "Se daqui a uns dias não tiver uma ajuda muito rápida, não sei o que será de mim e dessas crianças que abrigamos. É uma situação gritante."

A cada dia que passa, as despesas aumentam e a fundadora do Lar Bethel reza para que não lhe deixem mais crianças à porta. Porque, se por um lado, não tem condições para acolher mais, por outro, não consegue dizer que não.

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