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Legislação ineficaz compromete rinocerontes em risco

Bicho, Francisca27 de fevereiro de 2013

Os rinocerontes africanos estão em risco de extinção, após cinco anos de caça furtiva constante. Desde 2006, foram caçados em território africano cerca de 2400 rinocerontes. Moçambique é um dos países afetados.

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A caça de rinocerontes para a extração do corno é um negócio de alto risco, mas simultaneamente de enriquecimento rápido dos caçadores.

A falta de legislação que proteja com efetividade a vida biológica da África do Sul está a pôr os rinocerontes africanos em perigo.

Em 2012, foram contabilizados, pelo menos, 745 rinocerontes vítimas de caça furtiva em África, o maior número registado nas últimas duas décadas. Só na África do Sul verificou-se um número recorde de 668 mortes de rinocerontes.

Para Mike Chairman, especialista da União Internacional para a Conservação da Natureza, na África do Sul, a questão está a tornar-se alarmante.

Os rinocerontes "têm sido perseguidos por causa do corno de rinoceronte, procurado em países do sudeste asiático, especialmente pelo Vietname e pela China", diz. Mas agora a procura está a crescer, refere, e isso leva também a um aumento da caça furtiva. "Estimamos que daqui a dois anos a taxa de perda de rinocerontes exceda a taxa de reprodução. Por isso, haverá um número mais reduzido do que temos agora."

Caçadores entram e saem com facilidade em Moçambique

O tráfico ilegal do corno de rinoceronte é coordenado por grupos de crime organizado, que comercializam o material extraído aos rinocerontes no mercado paralelo internacional.

Moçambique foi identificado como um ponto-chave da caça furtiva. No país, os caçadores furtivos têm acesso rápido à fronteira sul-africana e invadem o Parque Nacional Kruger, na África do Sul, onde vive uma das maiores populações de rinoceronte do mundo.

"O problema em Moçambique é que eles têm uma legislação de vida selvagem que não funciona, em que os caçadores furtivos não são considerados criminosos e não recebem mais que uma reprimenda", afirma o ambientalista. Já a África do Sul teria "uma legislação muito rígida. Os caçadores furtivos podem ficar presos dez anos por qualquer distúrbio que criem na vida selvagem."

Usos medicinais e não só

O Vietname e a China estão entre os principais compradores do corno de rinoceronte.

"O corno tem sido usado há milhares de anos na medicina tradicional chinesa", refere Chairman. Além disso, no Vietname, o corno é também usado como símbolo de estatuto social, acrescenta o especialista. O corno é considerado no país como um produto de luxo, o equivalente a ter um automóvel "Ferrari", por exemplo.

De 3 a 14 de março, a comunidade ambiental internacional vai discutir em Banguecoque, na Tailândia, a crise do rinoceronte africano durante a reunião da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Ameaçadas da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES, na sigla em inglês).

Autora: Francisca Bicho
Edição: Guilherme Correia da Silva / Helena Ferro de Gouveia