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PolíticaEtiópia

Etiópia: Líder da oposição acusado de "terrorismo"

Lusa
19 de setembro de 2020

Jawar Mohammed e 23 outras pessoas foram acusados de crimes relacionados com terrorismo e fraude. Em causa, a violência que estalou em julho na capital e na região de Oromia e causou 180 mortes, segundo as autoridades.

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Äthiopien Addis Abeba Oppositionsführer Jawar Mohammed
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Ayene

De acordo com a Procuradoria-Geral etíope, o principal opositor político do país, Jawar Mohammed, e outros 23 acusados serão presentes a tribunal na segunda-feira (21.09) para responder a acusações relacionadas com os acontecimentos violentos que estalaram em julho em zonas da capital do país africano, Adis Abeba, e na região de Oromia, que, segundo as autoridades etíopes, causou 180 mortos.

A violência aconteceu após o homicídio do músico Hachalu Hundessa, voz proeminente dos protestos antigovernamentais que levaram ao poder o atual primeiro-ministro, Abiy Ahmed, em 2018. 

Jawar Mohamed, magnata dos media que se tornou político, regressou à Etiópia depois da chegada ao poder de Abiy Ahmed, que apelou ao regresso dos exilados ao país, prometendo reformas políticas, o que lhe angariou o Nobel da Paz de 2019.

Jawar Mohamed tem muito apoio entre os jovens na região de Oromia, que têm organizado manifestações a exigir a libertação dos presos, sendo que a última, em agosto, resultou num "monte" de mortos, de acordo com a comissão de direitos humanos etíope e outras fontes contactadas pela agência de notícias Associated Press.

Preso político, diz defesa

A região é habitada pelo maior grupo étnico da Etiópia (os oromo), que nunca governou o país, mas foi fundamental para a eleição de Abiy Ahmed, que agora enfrenta o desafio da tensão étnica e da violência intercomunitária.

Jawar criticou abertamente o primeiro-ministro por ter adiado as eleições gerais que estavam agendadas para agosto, com a justificação da pandemia de Covid-19. O mandato do Governo termina no final de outubro e ainda não há uma nova data para as eleições.

Jawar está detido desde os acontecimentos de julho, mas os seus advogados de defesa alegam que está preso pelas suas opiniões políticas. 

O primeiro-ministro reconheceu que houve abusos das forças da ordem nos acontecimentos de julho, justificadas pela "herança" institucional, e frisou que "as reformas de segurança levam tempo.

Num artigo publicado esta semana na revista The Economist, Abiy acusou "indivíduos e grupos" de "estarem a fazer tudo" para impedir as suas reformas. "Estão a alimentar as sementes do ódio e das divisões interétnicas e inter-religiosas", vincou.

Grupos de defesa dos direitos humanos têm alertado para os desvios das prometidas reformas de Abiy.

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