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Jornais alemães comentam Egito e Mali

Arede-Cascais, Antonio16 de agosto de 2013

Ao longo da semana a imprensa alemã destacou dois temas africanos: a violência exercida no Egito contra manifestantes, assim como a eleição do ex-primeiro-ministro do Mali, Ibrahim Bubakar Keita, para novo presidente.

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O jornal die tageszeitung, de Berlim, na sua edição desta sexta-feira, dia 16 de agosto, publica um extenso comentário sobre a responsabilidade da política externa dos Estados Unidos da América nos acontecimentos no Egito. O título do comentário é "O colapso da política externa".

Política dos Estados Unidos falhou no Egito, diz jornal alemão

Desde o início da Primavera Árabe, a política externa de Barack Obama em relação aos países do norte de África, e sobretudo em relação ao Egito, tem sido marcada por extrema indefinição. Agora só resta admitir que essa política falhou. O massacre que a polícia e as forças de segurança cometeram na quarta-feira (14.08.), nas ruas do Cairo, é uma autêntica catástrofe humana. Mas esta quarta-feira negra do Cairo é também o dia em que a política externa dos Estados Unidos se viu obrigada a declarar 'bancarrota'. A mensagem que o presidente Obama emitiu, um dia depois, desde Martha's Wineyard, o seu local de férias, não trouxe nada de novo: o presidente dos Estados Unidos limitou-se a condenar o uso da violência e a apelar à paz e democracia. Práticamente não exerceu pressão sobre a chefia militar egípcia. Apenas cancelou a realização de manobras militares conjuntas que estavam previstas para o próximo mês na península do Sinai.

Muitos mortos continuam por enterrar

A edição online da revista de informação Der Spiegel descreve, em primeira mão, através dos seus correspondentes colocados no Egito, as atrocidades cometidas pelas forças de segurança contra os adeptos do presidente deposto Morsi. Citamos:

Centenas de corpos continuam expostos nas casas mortuárias do Cairo. Os familiares não podem enterrar os mortos porque as autoridades não lhes entregam as certidões de óbito. Provavelmente têm medo que surjam distúrbios durante e depois dos enterros. Quem entra na mesquita no bairro de Nasr City depara com um cheiro nauseabundo, pois o chão da mesquita está repleto de corpos apenas embrulhados em panos brancos. O guarda da mesquita informa que apenas neste local são mais de 240 cadáveres. Ninguém acredita nos números oficiais que apontam para um número total de 525 mortos. São muito mais, dizem os crentes de Nasr City.


O Frankfurter Allgmeine Zeitung publica um artigo com o título "Primavera desmoronada". Citamos:

Os adeptos da Irmandade Muçulmana estão em estado de choque. Enquanto isto, os militares parecem segurar o poder no país. Os tempos antes da Primavera Árabe parecem ter voltado para trás. Muitos dos governadores que tinham sido empossados por Morsi foram já substituidos por generais. O ministro do interior, Mohamed Ibrahim, proferiu um discurso sinistro, explicando e louvando a atuação das forças de segurança e salientando que os manifestantes teriam atacado 21 postos de polícia. Tudo indica que o regime vigente até ao derrube de Mubarak ressuscitará.

Mali: venceu o candidato preferido de François Hollande

No Mali o ex-primeiro-ministro Ibrahim Bubakar Keita é o novo presidente do país africano ao vencer o segundo turno das eleições realizadas no domingo passado(11.08.) com 77,61% dos votos, anunciou o ministro de Administração Territorial, Moussa Sinko Culibaly. O segundo candidato na disputa, Sumaïla Cissé, que admitiu sua derrota na segunda-feira, ficou com 22,39% dos votos. O diário Berliner Zeitung publica um comentário intitulado "O candidato da França no Mali". Citamos:

Ibrahim Boubacar Keita, que todos denominam de IBK, era o candidato preferido do governo francês. O presidente François Hollande nem esperou pelo resultado oficial para lhe dar os parabéns pela vítória. Recorde-se que Keita estudou em Paris, e colaborou em diferentes projetos da União Europeia e da ONG Terre des Hommes. A sua campanha foi gerida por uma agência francesa de relações públicas.

O jornal Süddeutsche Zeitung, editado em Munique, recorda que o novo presidente do Mali poderá contar com o apoio internacional, tanto financeiro, como diplomático:

Esse apoio deverá ser dirigido, sobretudo, para a estabilização do norte do país. Os doadores internacionais já anunciaram que iriam desbloquear cerca de 3 mil milhões de euros. Em breve o governo e o parlamento do Mali serão compostos por pessoas eleitas democráticamente, em substituição do governo transitório que tomou o poder depois de um golpe de estado.