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Joe Biden dá o pontapé de saída para o "Angola Energia 2025"

1 de julho de 2022

Angola ingressa no grupo de países que investem na produção de energia renovável, após o anúncio de um empréstimo financeiro avaliado em dois mil milhões de dólares do Governo norte-americano.

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Deutschland I G7-Gipfel auf Schloss Elmau in Garmisch-Partenkirchen I  Joe Biden
Foto: Lukas Barth/AP/picture alliance

Os Estados Unidos da América vão criar um plano de empréstimo direto para Angola na ordem dos 2 mil milhões de dólares norte-americanos no sentido de ajudar o país a alcançar as suas metas no domínio das energias renováveis.

O anúncio foi feito por Joe Biden, Presidente norte-americano, durante uma conferência de imprensa na abertura da Cimeira do G7, que decorreu, durante os dias 26, 27 e 28 do último mês, na Alemanha.  

EUA e Angola unidos pelo ambiente

A decisão foi recebida com júbilo pelo Governo de Angola e abre uma nova perspetiva nas relações comerciais entre os dois países. 

O diretor nacional para Alterações Climáticas de Angola, Giza Gaspar Martins, enfatizou a importância da linha de crédito concedida por Washington, através do seu Banco de Importação e Exportação, para transformar o modelo energético do país.

"A energia fotovoltaica é uma energia que contribui para a melhoria da nossa matriz energética, tornando-a também mais verde", comentou.

Angola Ölförderung vor der angolanischen Küste
Angola é um dos países exportadores de petróleo mais relevantes em ÁfricaFoto: Getty Images/AFP/M. Bureau

Giza Gaspar Martins realçou também a importância da implantação das energias renováveis em zonas longínquas dos grandes centros urbanos. "O uso de energias fotovoltaicas, pela rapidez com que podem ser instaladas, pela eficácia que têm, incluindo, o seu custo, permitem hoje dar acesso a energia às populações que estejam em áreas onde não existem planos imediatos para a extensão da rede nacional", concluiu.

Quem também aplaudiu a notícia foi Vladimiro Russo. O especialista ambiental fala do impacto que a linha de crédito norte-americano terá na forma de geração de energia em Angola, sobretudo nas médias e pequenas comunidades do país.

"É assim que têm sido desenvolvidos um conjunto de projetos, que foram iniciados com sete projetos ao nível da zona centro do país, que estarão ligados à rede e que vão produzir mais de 300 megawatts", explica.

Quanto aos sistemas isolados, alguns são na zona leste, como as regiões de Lunda-Norte, Lunda-Sul, Moxico, Malanje, que também farão parte da nova rede energética.

Giza Gaspar Martins frisa que a linha de crédito norte-americana responde aos objetivos da política nacional, denominada "Angola Energia 2025”. 

"É um financiamento que vem satisfizer ou tornar realizável uma prioridade que o Executivo já tem. Contribui, também, para um eixo de ação ao nível da estratégia geracional de alterações climáticas que é o de aumentar a taxa de proteção de energia e o acesso às energias renováveis, como também a eletrificação rural", disse.

ECO Angola Plastik Umwelt
Alterações climáticas são uma das prioridades da sociedade civil em AngolaFoto: Manuel Luamba/DW

O investimento em energias renováveis ganha tração em Angola. No início de junho, a petrolífera estatal Sonangol e a alemã "Gauff Engenharia e Conjuncta" rubricaram um memorando de entendimento para produzir hidrogénio verde em Angola e exportar para a Alemanha, a partir de 2024.   

O início da segunda fase do projeto decorrerá na província do Bengo, a norte de Luanda. A concretizar-se, Berlim importará, pela primeira vez, energia verde de África. 

"Se não for um esforço comum a nível mundial, não adianta"

O especialista ambiental Vladimiro Russo, presidente da Fundação Kissama, destaca o pé no travão no que toca ao uso de combustíveis fosseis.

"Faz parte dos esforços do mundo no sentido de travar os efeitos relacionados com as alterações climáticas que resultam, praticamente, da queima dos combustíveis fósseis", diz, explicando ainda que a maioria destes atos refletem-se na "produção de energia, quer na circulação de viaturas, transportes públicos que utilizam gasolina e gasóleo para o seu funcionamento".

Contudo, Vladimir Russo lembra que estes esforços deverão ser feitos  a nível mundial, senão "não adianta".

"Deverá ser uma tarefa concertada, um esforço concertado, porque não adianta termos metade do mundo a agir desta forma e a outra metade a fazer o que se tem feito até hoje".