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Investimento agrícola alemão na Zâmbia

Thomas Kruchem17 de janeiro de 2014

Compra e o arrendamento de terras em África por países e empresas do resto do mundo, empenhados em garantir a produção futura de alimentos tem gerado muita controvérsia. Mas também há empresas bem aceites em África.

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George Allison mostra ao jornalista da DW um bocado de terra dura de cerca de cinco quilos. O agrónomo nascido na Zâmbia afirma que o solo nesta região ainda por desbravar é ácido, pobre em nutrientes e erodido.

Allison, que estudou na Grã-Bretanha, juntou-se a dois amigos, e, com 50 milhões de dólares norte-americanos concedidos pelo fundo de investimentos alemão, Sapinda, fundou a empresa germano-zambiana Amatheon. Esta começou por arrendar 30 000 hectares em Big Concession, um bloco gigantesco de 260 000 hectares de terra para cultivo, praticamente abandonado. Em 2012 teve início a produção de trigo e soja.

Sambia Landwirtschaft Vizepräsident Guy Scott
George Allison mostra um bocado de terra duraFoto: Thomas Kruchem

Agricultura tradicional empobreceu o solo

Allison mantém que as técnicas de cultivo tradicionais dos pequenos agricultores secaram e empobreceram a terra: "Quando se investe muito dinheiro em sistemas de irrigação e a electricidade necessária, é preciso preparar muito bem o solo. Vou ter que cultivá-lo por 20 ou 30 anos, não posso desbravar sempre terra nova".

A Amatheon investiu somas consideráveis, contratando especialistas para determinar o volume de água subterrânea à disposição do regadio e trabalhadores para extrair milhares de toneladas de calcário do solo, para neutralizar a acidez. Outras empresas foram contratadas para desbravar a área. O cultivo posterior terá que ser cauteloso dada a sensibilidade dos solos.

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Na Zâmbia há quem utilize tecnologia moderna na agriculturaFoto: Thomas Kruchem

É com orgulho que Allison mostra ao jornalista o parque de máquinas no quartel-geral provisório, que não passa de um acampamento: escavadoras, buldozers e tratores novos, e uma semeadora com 15 metros de diâmetro que abre sulcos com grande rapidez. O objectivo é garantir a maior eficácia possível.

Nos países pobres, os investidores estrangeiros na agricultura muitas vezes são vistos como verdadeiros piratas sem escrúpulos, que expulsam das terras os pequenos agricultores locais. No caso da Zâmbia, esse é um acontecimento muito raro. Regra geral, empresas como a Amatheon arrendam terrenos bravios pertencentes ao Estado.

Amatheon ajuda pequenos agricultores na modernização da sua técnica

Um problema dos pequenos agricultores zambianos é que seus métodos de cultura intensiva e pouco eficazes só lhes permite trabalhar áreas muito reduzidas. A Amatheon pretende ajudar na modernização da pequena agricultura, até no próprio interesse, afirma Allison. "A nossa simples presença faz com que cheguem grandes quantidades de sementes e adubos à região, que nós podemos vender a preços acessíveis. Graças à nossa capacidade de transporte podemos também comprar produtos como milho ou soja aos pequenos agricultores a preços mais altos do que os que obteriam noutro lado. E juntamente com os nossos fornecedores podemos ensiná-los a melhorar a produção".

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Sistemas modernos de irrigação utilizam os recursos hídricos da ZâmbiaFoto: Thomas Kruchem

O que só será possível se o solo sensível for tratado com a máxima precaução. A Amatheon contratou um especialista para ajudar a transferir os seus conhecimentos aos pequenos a agricultores. O procedimento da empresa merece a aprovação do secretário distrital Aaron Kamalando na cidade de Mumbwa: "A empresa já criou numerosos postos de trabalho. E a grande parte das taxas que paga reverte a favor do distrito. Além disso, a firma cria infeaestruturas, os seus investimentos estimulam o ciclo económico de comércio e artesanato e dão a muitos pequenos agricultores a possibilidade de se comercializarem".

Sambia Landwirtschaft Vizepräsident Guy Scott
Agricultura tradicional na ZmbiaFoto: Thomas Kruchem