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Investigação liga serviço russo com envenenamento de Navalny

EFE
14 de dezembro de 2020

Agentes especialistas em armas químicas do serviço russo de segurança são apontados como envolvidos no envenenamento de Alexei Navalny, revela uma investigação jornalística publicada hoje (14.12).

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Russland I Nawalny
Alexei NavalnyFoto: Shamil Zhumatov/REUTERS

Um grupo de agentes técnicos especializados em armas químicas do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB), a antiga KGB, a polícia secreta soviética, estará envolvido no envenenamento de Alexei Navalny, segundo revelou uma investigação jornalística veiculada nesta segunda-feira (14.12).

O site "Bellingcat", em parceria com a revista alemã "Der Spiegel" e a TV norte-americana "CNN" apontaram que em 2017, 2019 e 2020, agentes de uma unidade clandestina especializada no trabalho com substâncias tóxicas seguiram o líder opositor em viagens pelo território russo, com destinos coincidindo em 37 oportunidades.

Investigação

YouTube Screenshot | Алексей Навальный - Alexei Nawalny
Pela rede social Youtube, Navalny mostra evidencias que ligam a secreta russa ao seu envenenamentoFoto: YouTube/Алексей Навальный

A investigação, baseada em dados de telecomunicação e registos de viagens, identifica três agentes que seguiram Navalny em agosto do ano passado. Primeiro a Novosibirsk, onde ele fez campanha para as eleições regionais, e posteriormente à cidade de Tomsk, na Sibéria, onde foi envenenado com um agente do grupo Novichok.

Tratam-se de Alexey Alexandrov e Ivan Osipov, ambos médicos, e Vladimir Panyaev, que eram apoiados e supervisionados por, pelo menos, cinco integrantes da FSB, alguns deles que também chegaram a viajar para o mesmo local em que o líder da oposição ficou internado.

A equipa especial "esteve perto do ativista nos dias e horas do período em que ele foi envenenado", segundo a investigação, que lembra que as autoridades da Rússia não apuraram criminalmente os fatos, e negam qualquer ligação com o caso.

Segundo as informações obtidas por "Bellingat", "CNN" e "Der Spiegel", integrantes da unidade clandestina se comunicaram durante a viagem, com "picos" de comunicação nos momentos anteriores ao envenenamento.

Além disso, houve contato entre os membros do grupo no período da saída de Navalny do hotel em Tomsk, em que estava hospedado, até a chegada ao aeroporto da cidade, de onde embarcou num avião e se sentiu mal durante o voo.

Equipa clandestina

Russland | Alexei Navalny am Flughafen Richtung nach Deutschland
Alexei Navalny, após o envenenamento, a ser transferido para a Alemanha, onde foi hospitalizadoFoto: Reuters/A. Malgavko

A equipa clandestina opera sob a fechada do Instituto de Criminalística da FSB, também conhecido como Instituto de Investigação-2 ou Unidade Militar 34435, afirmam os três órgãos de comunicação.

O programa estaria a ser supervisionado pelo coronel Stanislav Makshakov, um cientista que tinha trabalhado noutra unidade, fechada com o anúncio do fim do programa de armas químicas da Rússia, em 2017, indica o "Bellingcat".

O militar era consultado pelos agentes em campo que seguiam Navalny em agosto deste ano e também recebia informações sobre o que era coletado no acompanhamento do opositor.

Makshakov, por sua vez, está subordinado ao general Kiril Vasilyev, diretor do Instituto de Criminalística da FSB. Esse último presta contas ao chefe do Centro de Tecnologia Especial da corporação, Vladimir Bogdanov, que é submetido ao diretor do Serviço Federal de Segurança da Rússia Alexandr Bortnikov

O site "Bellingcat" indica, inclusive, que em pelo menos uma ocasião - possivelmente outras duas -, houve tentativa de envenenar Navalny realizada por agentes da unidade. A investigação destaca que, durante voo em 2019, o opositor sofreu sintomas muito similares aos de agosto do ano passado, quando foi confirmada a intoxicação por agente do grupo Novichok.

O que se sabe (e não se sabe) sobre o caso Navalny