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Intolerância versus liberdade de expressão: atentado de Bengasi alimenta debate na imprensa alemã

14 de setembro de 2012

Atentado contra o consulado norte-americano em Bengasi, eleição do novo presidente da Somália e libertação de dois jornalistas suecos pela Etiópia, são os temas africanos em destaque nas páginas dos jornais alemães.

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Themenbild Presseschau
Foto: Fotolia

A história repete-se: multidões em fúria contra uma suposta blasfémia. Um filme amador divulgado no canal Youtube, produzido por um indivíduo cuja verdadeira identidade se desconhece, mas que se supõe ser israelo-americano, inflamou o mundo árabe e motivou protestos violentos em frente às embaixadas dos Estados Unidos na Líbia, no Egipto e no Iémen.

Na terça-feira (11.09) o ataque ao consulado dos Estados Unidos em Bengasi, na Líbia, resultou na morte do embaixador Christopher Stevens e de três outros funcionários da representação diplomática.

Para o diário "Die Welt" o ataque terá sido "planeado", note-se que ocorreu a 11 de setembro, uma das datas mais trágicas da história norte-americana, "e não uma demonstração de violência espontânea". Também o "Frankfurter Allgemeine Zeitung", num longo artigo, refere a hipótese de o filme "A Inocência dos Muçulmanos" ter sido apenas um pretexto para um atentado programado e realça "nada justifica este tipo de atos, nem mesmo uma blasfémia, ou uma ofensa aos sentimentos religiosos".

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Christopher Stevens, o embaixador norte-americano morto, juntamente com três seguranças, no ataque ao consulado de BengasiFoto: AP

"É mais do que óbvio que os manifestantes armados – aparentemente salafistas – não agiram desta forma para fazer respeitar tabus religiosos, mas sim para fazer uma demonstração de força, ostensivamente contra a América, mas, também contra o Parlamento recém-eleito da Líbia", escreve o jornal suíço de língua alemã "Neue Zürcher Zeitung".

Recomeço político na Somália

" Mohamud simboliza uma nova era na Somália, alguém em quem se deposita esperança, algo de que o país desesperadamente necessita", salienta o "Süddeustche Zeitung" que acrescenta que o presidente somali, Hassan Sheikh Mohamud eleito esta segunda-feira (10.09) em Mogadíscio "não é corrupto e é um intelectual com experiência internacional".

A eleição de Hassan Sheikh Mohamud, que constituiu uma surpresa, poderá pôr termo a um longo e complexo processo político apadrinhado pela Organização das Nações Unidas, substituindo as diferentes autoridades de transição que se sucederam, desde 2000, e dotar a Somália de um governo central real, do qual esteve privada desde o derrube do Presidente Siad Barre em 1991, altura em que o país mergulhou num completo caos.

Somalia - Hassan Sheikh Mohamud
O novo presidente somali, Hassan Sheikh Mohamud, é visto como uma esperança para o paísFoto: picture-alliance/dpa

"É uma grande oportunidade para a Somália", considera o "Financial Times Deutschland". Mas tarefa do novo chefe de Estado será complexa, acrescenta o jornal, "o país no corno de África encontra-se na lista dos "Estados falhados", grande parte da população depende de ajuda alimentar e as milícias fundamentalistas islâmicas Al-Shebab, ligadas à rede terrorista internacional Al Qaeda continuam a constituir uma ameaça".

Jornalistas suecos acusados de "terrorismo" foram libertados pelas autoridades etíopes

Äthiopien - Journalist Johan Persson
O jornalista sueco Johan Persson foi amnistiado juntamente com Martin SchuibbyFoto: dapd

"Depois de 438 dias nas prisões etíopes, Martin Schuibby e Johan Persson, dois jornalistas suecos foram libertados na terça-feira (11.09)", escreve o "Die Tageszeitung", no âmbito da tradicional amnistia de Ano Novo na Etiópia. Os dois jornalistas tinham sido condenados em dezembro passado a 11 anos de prisão e acusados de "terrorismo".

Durante o julgamento, ambos admitiram que entraram ilegalmente em território etíope e que estavam em contato com o grupo rebelde Frente Nacional de Libertação de Ogaden, que luta contra o governo de Adis Abebba, mas apenas para investigar as atividades da empresa petrolífera sueca Lundin Oil, empresa na qual o ministro sueco dos Negócios Estrangeiros, Carl Bildt, pertenceu à administração e detinha acções, antes de se tornar governante.

A Etiópia é um dos países do mundo onde mais jornalistas se encontram detidos e "a esperança de que o controlo sobre os media se tornasse menos opressivo com Hailemariam Desalegn, o chefe de governo interino, foi abafada", salienta o "Die Tageszeitung".

Autora: Helena Ferro de Gouveia
Edição: António Rocha

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