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Interpol recomenda partilha de informação internacional sobre caça furtiva e tráfico ilegal

Sofia Diogo Mateus11 de março de 2014

Um relatório da Interpol sobre caça furtiva e tráfico de marfim diz que uma maior colaboração e partilha de informação internacional sobre estes crimes pode ser importante para uma combate mais efectivo do problema.

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Foto: E. Valoi

Segundo a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) só em 2013 foram feitas 18 apreensões de grandes carregamentos de marfim, num total de 41,6 toneladas - um número recorde de apreensões. O documento afirma que o número de apreensões em grande escala de marfim do ano passado são indicativas de redes de crimes organizado, a trabalhar em vários países.

A Interpol apresenta seis recomendações, entre elas a criação de forças operacionais para a segurança ambiental nos países da África Ocidental, como explica Charles Van Niekerk, analista de tráfico de marfim da Interpol no departamento de biodiversidade.

"É um incentivo para que haja cooperação entre polícia, alfândegas e agências ambientais. Porque de certa maneira a força multiplica-se e as pessoas veem de disciplinas diferentes e tem experiências diferentes, mas é importante que essas experiências sejam partilhadas para que sejam mais eficientes", afirma o especialista, acrescentando que as diferentes agências tem metódos diferentes de fazer valer a lei, mas podem apoiar-se mutuamente.

África deve pedir ajuda à Interpol

O analista fala também da possibilidade dos países africanos pedirem ajuda à organização para lidar com este crime: "Os países da Africa Oriental devem pedir ajuda às equipas de apoio investigativo da Interpol para recolherem provas forenses e a sua análise relativamente à caça furtiva e apreensão de marfim."

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Charles Van Niekerk explica que as recomendações pressupõem uma utilização dos procedimentos e sistema já existentes da Interpol, como o uso de avisos internacionais da Interpol e não a criação de novos métodos ou sistemas de combate. No entanto, salienta que para a Interpol esta área é prioritária.

"Da perspectiva da Interpol, a área de segurança ambiental é agora uma sub-divisão, quando antes era apenas um programa de crimes ambientais. Isso significa que cresceu e que também cresceu em capacidade, conhecimento e na capacidade de apoio", refere o analista.

E à medida que o crime aumenta, explica Charles Van Niekerk, "já não é visto como um tipo de crime emergente, mas sim como um tipo de crime aperfeiçoado e que pode tornar-se mais sofisticado. E por isso nós também aprendemos e melhoramos, não ficamos para trás."

Crimes complexos

No entanto, o analista de políticas da World Wildlife Fund (WWF) Colman O'Criodain considera que, enquanto a partilha de informação é claramente importante, a caça furtiva e o tráfico são crimes complexos, cuja abordagem deve ser de todas as frentes.

Getöteter Elefant im Niassa-Park
Segundo estimativas, os elefantes africanos poderão desaparecer já em 2030Foto: E. Valoi

"A ideia é travar os criminosos envolvidos em cada momento deste crime. É tentar evitar a caça furtiva", sublinha. "Mas também ao criar impedimentos na linha do tráfico, ao aumentar a probabilidade do contrabando ser interceptado e as pessoas serem penalizadas, tudo isso aumenta o risco da operação e reduz os incentivos para o caçador".

O documento identifica a África Oriental, nomeadamente o Quénia, a Tanzânia e o Uganda como os principais pontos problemáticos da região em termos de caça furtiva, sendo depois traficada pelos portos da região, entre eles, alegadamente, Maputo em Moçambique.

Em 2013 foram mortos 22 mil de elefantes por caçadores furtivos, um pequeno decréscimo face aos 25 mil do ano anterior. As organizações internacionais de defesa e conservação animal estimam que se o ritmo da caça furtiva se mantiver os elefantes africanos poderão desaparecer já em 2030.