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HRW e AI denunciam onda de execuções e detenções no Tigray

Silja Fröhlich | Maria Gerth-Niculescu | cm
17 de dezembro de 2021

Relatório conjunto aponta escalada de detenções em massa, assassinatos de civis e expulsões de moradores de cidades do Tigray. Conselho de Direitos Humanos da ONU convoca reunião de emergência para avaliar situação.

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Äthiopien Mekele | Pro-TPLF Rebellen
Imagem de rebeldes em Mekele em junho de 2021Foto: YASUYOSHI CHIBA/AFP

Um relatório conjunto da Amnistia Internacional e da Human Rights Watch denuncia uma "nova onda" de detenções em massa, assassinatos e expulsões forçadas de habitantes do Tigray, região do norte da Etiópia.

As duas organizações não-governamentais entrevistaram 31 pessoas, por telefone, incluindo 25 testemunhas e sobreviventes, bem como familiares de detidos e expulsos, que descreveram uma onda de abusos por parte das forças de segurança e milícias na região de Amhara.

Devido aos combates em curso, centenas de milhares encontraram refúgio em cidades mais ao sul. Muitos residentes desejam regressar à casa, mas alguns não dispõem de meios para o fazer. Outros sabem que já não têm para onde voltar.

"Não há nada para comer, temos filhos e não há roupa. As pessoas deixaram as suas casas sem os seus pertences. Dizem-nos que é seguro voltar, mas para que voltar? Eles incendiaram as nossas casas", explica Mamito Belachew, um deslocado da cidade de Ataye, que agora está instalado em Debre Berhan – uma cidade mais ao centro da Etiópia, a 120 quilómetros de Addis Abeba.

Äthiopien | Bürgerkrieg | Tigray | Milizen
Rebeldes estão nas matas na região de TigrayFoto: Maria Gerth-Niculescu/DW

Efeitos da guerra na agricultura

Outra situação dramática é de Ayu Berhan, um residente de Mezezezo, que temeu não somente pela sua vida, mas pela vida de sua família. "Não sabíamos se eles nos iriam matar. Tínhamos nossos filhos connosco. Tivemos medo. À noite estava muito frio. Estávamos com fome e sede. Perdemos tudo".

A maioria dos deslocados pelo conflito são agricultores. Longe dos seus campos. Muitos ainda não conseguiram colheitas maduras, diz Workalemu Akostre, chefe do departamento agrícola de North Shewa. 

"Chegaram na altura em que as culturas estavam maduras e prontas para serem colhidas. Por isso, destruíram-nas. Não só as culturas que ainda não tinham sido colhidas, como também levaram as que já tinham sido colhidas. Noutras zonas, agricultores e milícias também pararam a colheita e juntaram-se à guerra", explica.

Ajudar os pequenos agricultores etíopes a exportar

Panorama do conflito

O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas realiza esta sexta-feira (17.12) uma reunião extraordinária sobre o conflito etíope, que já dura mais de um ano, e a grave situação dos direitos humanos no país.

Entre situações precárias em Tigray, Afar e Amhara, a guerra continua. Lalibela, conquistada pelas forças governamentais durante alguns dias, caiu novamente nas mãos dos separatistas enquanto combates pesados prosseguem ao norte de Dessie.

Os apelos da comunidade internacional ao cessar-fogo e às negociações, apesar dos esforços ativos da União Africana, não conseguiram abrandar o conflito. No terreno, os sentimentos de vingança, discurso de ódio e ressentimento interétnico estão mais vincados do que nunca.

As lutas do ativista etíope Daniel Bekele