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PolíticaGâmbia

Gâmbia vai a votos à busca da estabilidade democrática

Chrispin Mwakideu | bd | af
4 de dezembro de 2021

Os gambianos vão às urnas este sábado (04.12), para eleger o próximo Presidente do país, numa eleição bastante concorrida. Muitos observadores vêem esta eleição como um teste decisivo para a democracia gambiana.

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Gambia Präsidentschaftswahl
Foto: picture alliance/AP Photo/J. Delay

Pouco menos de um milhão de eleitores estão inscritos para a votação deste sábado (04.12), da qual concorrem seis candidatos, incluindo o atual chefe de Estado, Adama Barrow.

As eleições decorrem apenas numa ronda. As urnas abrem às 08:00 locais e encerram às 17:00 (locais e TMG).

Os primeiros resultados deverão ser conhecidos este domingo (05.12). O país viveu mais de 20 anos de ditadura sob o regime de Yahya Jammeh, até ao final de 2016, e estas eleições representam a primeira renovação democrática nacional.

Babacar Sallah reconhece que o país entrou num período de liberdade em que as pessoas se podem expressar sem medo de perigo.

"Ele ainda está a fazer campanha por outras pessoas como Mama Kante. Sabemos que tem feitos algumas reuniões”, indica Sallah para quem "Yahya Jammeh honestamente deveria parar com isso”.

Desde a saída do poder de Yahya Jammeh, a Gâmbia registou algumas mudanças, descrevem alguns analistas.

É disso Babacar Sallah, que considera que "quando esteve aqui foi tão difícil para as pessoas fazer negócios e até para as pessoas se expressarem”.

A campanha eleitoral para esta votação deste sábado decorreu num ambiente de festa. A festa da democraca, quem assim o descreve é Khady Bojang, sublinhando que não houve registo de problemas entre os apoiates dos candidatos durante a campanha eleitoral.

Gambia Präsident Adama Barrow | Amtsübernahme & Einweihungszeremonie in Bakau
Adama Barrow atual presidente busca a sua reeleiçãoFoto: Reuters/T. Gouegnon

Adama Barrow à busca da reeleição

O actual Presidente e candidato do Partido Popular Nacional (NPP), Adama Barrow procura a sua própria reeleição.

Num comício realizado na cidade capital, Banjul muitos dos seus apoiantes lançaram elogios a Barrow.

À DW África, Souleymane Mane considera que a Gâmbia sob liderança de Adama Barrow "tivemos democracia no nosso país. As pessoas podem falar livremente", sublinhou.

Outra apoiante do NPP destaca que "Adama Barrow ama muito as pessoas. Ele dá oportunidades. Queremos estar com Adama Barrowpara toda a vida", disse Binta Fey.

Mas, a recandidatura de Adama Barrow não é vista como um "mar de rosa”, porque para os seus críticos o presidente quebrou a sua promessa mais importante.

Para a cientista política da Universidade da Gâmbia e do Centro de Investigação e Desenvolvimento Político, Essa Njie classifica que votação deste sábado "significativa em muitos aspectos. Há tantas coisas em jogo". 

Quando Barrow chegou ao poder em 2017, prometeu ficar por três anos. A sua decisão de concorrer à reeleição polarizou a nação da África Ocidental.

Reforma políticas de Adama Barrow 

Gambia vor der Vereidigung von Adama Barrow
Foto: DW/V. Haiges

Entretanto, Adama Barrow parece estar ciente das dificuldades que o país vive, mas destaca as reformas políticas que tem vindo a implementar no país.

Barrow orgulha-se da sua contribuição para as liberdades civis, bem como das melhorias introduzidas nas infra-estruturas da nação desde que chegou ao poder, por isso que está confiante na vitória nestas eleições para continuar a implementar a sua visão de desenvolvimento no país.

Mas para Njie, o escrutínio deste sábado (04.12), na Gâmbia são acima de tudo uma oportunidade para consolidar os ganhos democráticos, e para o eleitorado responsabilizar o governo com base nas promessas de 2016.

"As promessas eram reformas, reformas institucionais e legais", disse Njie, lamentando que poucas promessas foram realizadas e exemplifica "vamos à votação, infelizmente, sem uma nova constituição, sem uma nova lei eleitoral", observou.

Por outro lado, a académica lembra ainda que "vamos à votação deste sábado (04.12), sem reformas de segurança sérias neste país, e sem uma reforma da função pública", concluiu.

Segundo a analista política Njie, a Gâmbia luta com desafios complexos que vão desde o desemprego - especialmente entre os jovens - bem como questões com os cuidados de saúde, educação, infra-estruturas e economia.

Os principais concorrentes

Entre os seis candidatos que disputam a presidência da Gâmbia,  não há nenhuma mulher, apesar de que 57% dos 962.157 eleitores registados no país serem do sexo feminino.

Bildkombo  Ousainou Darboe und  Adama Barrow
Ousainou Darboe e Adama Barrow

Ousainou Darboe, 73 anos, do Partido Democrático Unido (UDP), o crónico segundo classificado de Yahya Jammeh, advogado e defensor de muitos dos adversários do antigo ditador, é apontado como o principal concorrente de Barrow, de quem se distanciou depois de ter servido como vice-presidente e ministro do seu governo.

Darboe promete justiça para aqueles que sofreram sob o regime de Jammeh e uma renovação económica para todo o país, por isso que os seus apoiantes o consideram candidato da mudança.

"O nosso futuro presidente deveria concentrar-se no sector da educação. Porque neste momento, na Universidade da Gâmbia, a propina é muito cara, nem todos a podem pagar", disse Fatou B. Sanyang, um estudante universitário, à DW.

Interferência de Jammeh

A Gâmbia vai à votos este sábado (04.12), sob "fantasmas”, da interferência política do antigo ditador, Yahya Jammeh, que se encontra exilado na Guiné Equatorial, para onde partiu há cinco anos sob pressão de uma intervenção militar oeste-africana.

Gambia Ex Präsident Yahya Jammeh
Ex-Presidente, Yahya JammehFoto: picture-alliance/AP Photo/J. Delay

A analista política, Essa Njie considera que o país ainda deve se desfazer da interferência política que Jammeh continua a exercer sobre o país.

"Yahya Jammeh continua a ser uma figura influente na política da Gâmbia. Lembre-se, ele governou este país durante 22 anos", descreve Njie.

Ao longo do seu governo, Jammeh gozou de um apoio generalizado entre uma parte significativa da população, especialmente os homens das tribos na sua região natal de Foni, observa Njie.

"É por isso que algumas pessoas dizem [autoridades] não podem garantir a segurança deste país, com Jammeh ainda a interferir na política da Gâmbia".

Para Njie, a eleição deste ano representa um momento decisivo. "Um momento em que os gambianos devem poder votar, ou para resolver os complexos desafios que enfrentam ou continuar a viver na situação", concluiu.