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Guiné-Bissau inaugura primeiro centro para tratar estomatite gangrenosa

Braima,Darame20 de novembro de 2012

Conhecida como noma, doença causada entre outros por má higiene bucal atinge especialmente crianças entre 2 e 6 anos de idade que estejam mal nutridas e debilitadas. Com ONG alemã, país vai fazer primeiras operações.

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A Guiné-Bissau diagnosticou recentemente 106 casos da doença noma, ou estomatite gangrenosa, em todo o país. A noma é um processo de atinge principalmente crianças entre dois e seis anos de idade que estejam debilitadas e malnutridas, especialmente em regiões onde a pobreza é acentuada.

O médico Lassaná Ntchassó, que vem tratando dos doentes de noma no país, diz que uma das causas da doença é a "má higiene bucal e a falta de higiene do ambiente onde vivem estas crianças. Não temos casos de internados, temos casos que depois vamos operar", explica.

O governo de transição saído do golpe de Estado militar de 12 de abril deste ano trabalha com a organização não governamental alemã Hilfsaktion Noma para combater a doença. Nesta terça-feira (20.11), foi inaugurado o primeiro centro de tratamento da estomatite gangrenosa, que se manifesta especialmente pela putrefação dos chamados tecidos moles do rosto.

Há quatro anos que a Hilfsaktion Noma tem vindo a apoiar as autoridades sanitárias guineenses na luta pela erradicação da doença. Segundo o médico cirurgião Lassaná Ntchassó, coordenador do centro recém inaugurado, a partir da próxima terça-feira, 27.11, deverão acontecer as primeiras intervenções cirúrgicas neste novo estabelecimento hospitalar, com capacidade para internar, pelo menos, quinze doentes de noma.

"Com uma equipa austríaca que vai chegar no dia 25.11. O tratamento, as medicações e as operações são todos gratuitos", diz Ntchassó.

População com mais conhecimento sobre noma

Segundo dados citados pelos médicos guineenses, a doença está relacionada com alta morbidade (incidência de doença) e alta mortalidade, sendo que entre 80% a 90% dos indivíduos afetados pela noma morrem em decorrência da doença.

No caso da Guiné-Bissau, a presidente da ONG alemã, Ute Winkler Stumpf, disse que ao longo dos quatro anos de luta sem tréguas contra a noma no país, houve resultados bastante encorajadores num curto espaço de tempo. "Há quatro anos, quando iniciamos as nossas atividades neste país, notamos que o noma era praticamente uma doença desconhecida pelas populações", discursou Winkler-Stumpf, cuja organização diz ter conseguido aumentar o conhecimento sobre a doença entre os cidadãos da Guiné-Bissau.

A prevenção desta doença infantil que provoca deformação do rosto é feita através da melhoria da higiene oral e da nutrição, o que a Guiné-Bissau talvez não esteja ainda em condições de garantir às crianças, segundo notam observadores presentes na cerimónia que marcou o início do tratamento de noma na capital guineense, Bissau. A noma tem cura, mas a deformação que causa é considerada irreversível.

Para o primeiro-ministro da transição, Rui Duarte de Barros, o centro inaugurado que passa a funcionar com os técnicos de saúde nacionais vai acabar com um vazio que existia há vários anos no combate à doença que afeta uma franja significativa da sociedade guineense. Com o apoio da organização não-governamental alemã, as autoridades sanitárias do país ocidental africano pretendem erradicar a doença noma em todo o país até 2015.

Autor: Braima Darame (Bissau)
Edição: Renate Krieger/António Rocha