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Conselho de Estado desaconselha dissolução do Parlamento

Iancuba Dansó (Bissau)
17 de novembro de 2021

Os consultores disseram a Sissoco Embaló que não deveria, para já, dissolver o Parlamento. A reunião aconteceu numa altura em que sobe o nível de desentendimento entre o Presidente e o primeiro-ministro da Guiné-Bissau.

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Guinea-Bissau Parlamentsgebäude
Foto: DW/F. Tchumá

A crise de relacionamento entre o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e o primeiro-ministro, Nuno Nabiam, é cada vez mais evidente. Agudizou-se com a retenção em Bissau, em outubro passado, de um Airbus 340, a mando do primeiro-ministro, por suspeita da sua origem e da carga que transporta.

Nabiam solicitou uma investigação de peritos internacionais, para analisar as "circunstâncias suspeitas" do aparelho. Embaló não escondeu a sua insatisfação com a forma como o caso está a ser tratado pelo governo e admitiu, na passada sexta-feira (12.11), a possibilidade de demitir o chefe do executivo.

Esta quarta-feira (17.11), o Presidente da República convocou o seu órgão de consulta, o Conselho de Estado, para - segundo apurou a DW África - pedir a opinião sobre a sua intenção de dissolver o Parlamento.

Präsident Umaro Sissoco Embaló
Umaro Sissoco Embaló estará descontente com o chefe de governoFoto: João Carlos/DW

Mas, à saída da reunião, o conselheiro político do chefe de Estado, Delfim da Silva, não quis entrar em detalhes. "O importante é que o Presidente quis ouvir os conselheiros do Estado, sobre a situação política, ouviu-os, ouviu os seus parceiros e o Presidente depois vai ponderar o que fazer, com base naquilo que ele ouviu dos conselheiros, é para isso que serve o Conselho de Estado", disse.

A DW África soube que os conselheiros do Estado desaconselharam o Presidente da República a dissolver a Assembleia Nacional Popular (ANP).

Nabiam sem voto na matéria

O primeiro-ministro Nuno Nabiam não participou na reunião, um dia depois de se ter envolvido num conflito político com Umaro Sissoco Embaló. O chefe de Estado recusou cumprimentá-lo no Estádio Nacional 24 de Setembro, nas celebrações do dia das Forças Armadas guineenses, depois de ter apertado a mão a todos os outros que estavam próximos do primeiro-ministro.

"Significa que vamos entrar no aprofundamento da crise que temos, com contornos por conhecer", afirma o analista político Jamel Handem. "Tudo leva a crer que o governo de Nuno Nabiam chegou mesmo ao fim. Agora, o que é que vai a acontecer? Qual será a reação da parte do engenheiro Nuno Nabiam e dos seus partidários? Enfim, isso já é uma situação que não nos deixa tranquilos."

Guinea-Bissau Premierminister Nuno Gomes Nabiam
Nuno Nabiam caiu em desgraça, mas o problema não é recente, afirmam observadoresFoto: Braima Darame/DW

Problema vem de longe

O jornalista António Nhaga defende que o Presidente da República deve adequar a sua atuação ao contexto delicado que o país vive.

"O problema não é de agora, ele (o Presidente) tem presidido às reuniões do Conselho de Ministros, não deixa Nuno Nabiam fazer nada. Portanto, o que aconteceu ontem (terça-feira) é a prova do mal estar que se instalou entre os dois, e há meses que esse mal reina no governo. O presidente da República está a atravessar uma situação muito difícil e tem que tomar cuidado para não levantar o fantasma outra vez", conclui Nhaga, que é também bastonário da Ordem dos Jornalistas da Guiné-Bissau.

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