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Guiné-Bissau: Universitários exigem regresso às aulas

Iancuba Dansó (Bissau)
2 de dezembro de 2020

Estudantes da Universidade Amílcar Cabral manifestaram-se junto à instituição para exigir a retoma das aulas, paralisadas há dois meses, com os professores a exigir o pagamento de salários em atraso.

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Studentenproteste an der Universität von Guinea-Bissau
Foto: Iancuba Dansó/DW

As aulas estão paralisadas na única universidade pública da Guiné-Bissau, a Universidade Amílcar Cabral (UAC), desde outubro, depois dos exames do primeiro semestre, quando 34 professores decidiram reter as fichas de avaliação, reivindicando o pagamento de oito meses de salários em atraso.

A situação deixou revoltados os 294 estudantes da instituição do ensino que, esta quarta-feira (02.12), realizaram uma vigília junto à universidade, para exigir o reinício das aulas.

"Estamos a reclamar a retoma das aulas. Começámos o primeiro semestre e não o conseguimos concluir até este momento. Isso é o que estamos a reivindicar", explica o presidente da Associação Académica da UAC, Soares Vicente Mendes.

"A informação que tivemos a partir da reitoria e dos coordenadores dos professores é que os professores não recebem [salários] há quase oito meses e não aceitam voltar às aulas", sublinha.

Schild der Universität in Guinea-Bissau
Reitoria da Universidade Amílcar Cabral, em Bissau.Foto: Iancuba Dansó/DW

A reitoria da universidade alega que os professores não trabalharam durante o período em causa, que coincidiu com o confinamento, devido à pandemia da Covid-19. No entanto, os docentes afirmam que, a pedido da UAC, se dedicaram à produção dos manuais de diferentes cadeiras, embora as aulas não estivessem a funcionar.

"Todos somos vítimas"

Os estudantes, na voz de Vicente Mendes, prometem "apresentar reclamações nos próximos dias noutras instituições que atuam no setor educativo", contra a paralisação das aulas.

Por parte da UAC, segundo os professores, não há sinais de cedência. Mamadu Bá, presidente do Coletivo dos Docentes da Universidade Amílcar Cabral, acusa a instituição de inércia: "O que nós notamos é a falta de interesse e de vontade por parte da reitoria e da secretária de Estado do Ensino Superior. Até agora, não vimos nenhuma luz verde acerca da resolução deste problema. Todas as partes estão vitimadas, tanto a reitoria, como os estudantes".

Bissau/Guinea-Bissau | Mamadu Bá, Vorsitzender der Dozenten-Vereinigung
Mamadu Bá, presidente do Coletivo dos Docentes da UAC.Foto: Iancuba Dansó/DW

A DW África contactou o reitor da Universidade Amílcar Cabral, Timóteo Saba M'bunde, que não se quis pronunciar sobre a matéria. No entanto, uma fonte da reitoria da UAC, sob anonimato, nega as acusações de falta de diálogo e mostra-se esperançosa quanto à resolução dos problemas da Universidade.

Uma universidade, vários problemas

A paralisação das aulas não é o único problema da instituição, diz o presidente da Associação Académica da UAC: "No geral, a nossa instituição está a funcionar de uma forma que não é boa", segundo Vicente Mendes.

"Temos falta de materiais para os cursos, no caso da TIC [Tecnologia de Informação e Comunicação]. Os estudantes, até este momento, alguns já estão no segundo ano, não têm acesso à internet, não usam o computador e não sabem nem abrir o computador para conhecer as peças. É isso é que estamos a reivindicar, que esta situação seja ultrapassada", explica.

Os estudantes denunciam ainda a subida das propinas, de 15 mil francos CFA, cerca de vinte euros, para 18 mil, a falta de biblioteca e de laboratórios.

Os professores também apresentam reivindicações: "Exigimos cinco meses de salários, no mínimo, porque no mês de julho fizeram o título de pagamento [no Ministério das Finanças]. E segundo a reitoria da Universidade Amílcar Cabral, o secretário de Estado do Tesouro recusou assinar o cheque, porque ele desconhecia o funcionamento da Universidade. Nós perguntamos porquê e com base em quê?", questiona Mamadu Bá.

A Universidade Amílcar Cabral começou a funcionar em 2004. Desde então, conheceu períodos conturbados, com críticas à forma como é gerida pelo Estado, levando à perda na concorrência com as várias instituições de formação superior privadas da capital guineense.

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