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Guiné-Bissau: Pandemia afeta campanha da castanha de caju

Iancuba Dansó (Bissau)
16 de março de 2021

Intervenientes do setor do caju mostram-se preocupados com a sua atividade. Pelo segundo ano consecutivo, a pandemia de Covid-19 pode vir a prejudicar a campanha, prevê economista guineense. 

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Cashew-Kooperative in Guinea-Bissau
Castanha de caju da Guiné-BissauFoto: Gilberto Fontes

A campanha de comercialização da castanha de caju é a maior atividade económica da Guiné-Bissau e rende anualmente centenas de milhões de dólares aos cofres do Estado. É também uma importante fonte de rendimento para muitas famílias rurais.

Mas a campanha tem sido ensombrada por constantes crise políticas e desentendimentos entre os operadores no setor. Este ano, com a pandemia de Covid-19, a situação pode piorar ainda mais, afirma o economista Aliu Soares Cassamá.

"Os maiores compradores da nossa castanha são os asiáticos. Quando digo asiáticos, estou a referir-me essencialmente aos chineses, indianos e vietnamitas", começa por lembrar. Cassamá está convicto de que "esses empresários não virão à Guiné-Bissau, à semelhança do ano passado, para comprar a nossa castanha" e alerta: "A nossa classe empresarial não tem liquidez para o fazer e corremos o risco de não ter uma boa campanha".

De acordo com a Agência Nacional de Caju (ANCA), em 2019, a Guiné-Bissau exportou mais de 195 mil toneladas de castanha de caju. Mas no ano passado os números baixaram para cerca de 154 mil toneladas vendidas no estrangeiro.

Guinea-Bissau Cashew-Nüsse im Dorf Vila de Quisseth
Caju da Vila de Quisseth, Guiné-BissauFoto: DW/B. Darame

Otimismo

Para a campanha de comercialização da castanha deste ano, os principais intervenientes desdobram-se em reuniões para acertar passos, de forma a evitar o que muitos consideram um "fracasso", embora o Governo tivesse dado nota positiva à atividade. 

O presidente da Associação Nacional de Agricultores (ANAG), Jaime Boles Gomes, acredita no sucesso deste ano e afirma que "até agora, em termos da apresentação, [o ambiente] é muito melhor em relação ao ano passado, até aqui. Para o futuro é que não sei".

Mas tem uma réstia de esperança: "Se o ambiente não favorecer, por exemplo, o confinamento, a não circulação das pessoas, isso impede uma boa realização da campanha, mas oxalá que este ano as coisas corram bem e espero que sim".

"Governo tem de se habituar a fazer balanço"

Segundo a Associação Nacional de Importadores e Exportadores da Guiné-Bissau (ANIE-GB), há que corrigir os "erros" do ano passado, para que a campanha deste ano tenha sucesso.

Mamadu Iero Jamanca, Präsident der Gesellschaft für Importe und Exporte aus Guinea-Bissau
Mamadu Iero Jamanca, presidente da Associação Nacional de Importadores e Exportadores da Guiné-Bissau (ANIE-GB)Foto: DW/I. Dansó

O presidente Mamadú Iero Jamanca considera que as "más políticas" adotadas no ano passado, nomeadamente o aumento de taxas e impostos aos exportadores, fez ficar muita castanha de caju no país.

Mas para uma eventual correção, Jamanca propõe um ponto de partida: "O Governo da Guiné-Bissau tem que se habituar em fazer balanço. Tem que se fazer obrigatoriamente, o balanço [da campanha] do ano passado, para que os elementos recolhidos ao longo desse exercício sirvam de propostas para a correção ou melhoria do que terá acontecido no ano passado."

As medidas do Governo?

A campanha de comercialização da castanha de caju não iniciou ainda oficialmente, mas neste período começa já a haver movimentações dos produtores e compradores.

O Governo ainda não anunciou medidas que regulamentem a atividade, que em várias ocasiões é marcada pela fuga da castanha de para os países vizinhos da Guiné-Bissau, nos quais os produtores procuram o melhor preço para o produto.

A DW África tentou, sem sucesso, ouvir a Agência Nacional de Caju, entidade governamental reguladora e responsável pela organização da fileira de caju.

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