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Greve geral afeta escolas e hospitais na Guiné-Bissau

Iancuba Dansó (Bissau)
4 de janeiro de 2021

A União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG) iniciou uma greve geral na função pública com várias reivindicações. A greve teve a adesão dos sindicatos dos professores e dos técnicos da saúde.

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Sala de aula numa escola em Bissau
Em algumas escolas públicas da Guiné-Bissau, os alunos encontraram as salas de aula vaziasFoto: Iancuba Danso/DW

A paralisação começou esta segunda-feira (04.01) e está a ter impacto nos hospitais e escolas públicas da Guiné-Bissau, cujos sindicatos dos setores decidiram aliar-se à UNTG, exigindo o cumprimento do memorando de entendimento e adenda ao mesmo, assinados com o Governo.

Nas primeiras horas desta segunda-feira, a situação é de maior preocupação no Hospital Nacional Simão Mendes, o principal centro hospitalar da Guiné-Bissau, em que só havia um médico para atender dezenas de doentes.

"Neste momento, no serviço, estou sozinho. Normalmente, como é greve, temos que atender só os casos graves", diz o técnico de saúde Iaia Djaló. "Como veem, os doentes que aqui estão, outros são ambulatórios, e quero atendê-los a todos, mas na verdade não posso. Outros vão ficar mal, mas a responsabilidade não é minha e quem de direito é que deve assumi-la para ultrapassar a situação que está a ser observada”, acrescenta.

Os doentes contatados não quiseram prestar declarações à DW África e alguns deles, por falta de atendimento, estão a procurar clínicas privadas para ver resolvido o seu sofrimento.

Escolas sem professores

Dois sindicatos do setor educativo - o Sindicato Democrático dos Professores (SINDEPROF) e a Frente Nacional dos Professores e Educadores (FRENAPROFE) - também aderiram à greve. O impacto é notório nas escolas, com destaque para os liceus Kwame N'krumah e Agostinho Neto, com sede em Bissau.

Hospital Simão Mendes, em Bissau
O atendimento nos hospitais está a ser afetado pela greve geral Foto: DW/I. Dansó

"Viemos à escola hoje e nem professores vimos, as salas estão sujas e lá vão outros alunos para a casa, e assim não dá”, disse uma aluna. "Disseram-nos para vir à escola, viemos, mas nenhum professor vimos. O Governo deve ajudar-nos e ajudar também aos professores e pagá-los para podermos continuar com as aulas", disse outro aluno.

Nesta greve, que termina na próxima sexta-feira (08.01), a UNTG exige do Governo guineense a implementação de todos os diplomas legais para o setor laboral, o pagamento das dívidas ao pessoal contratado do setor de saúde e o pagamento e admissão definitiva de todas as categorias dos professores no quadro da função pública.

No Palácio do Governo, onde se concentra a maioria dos Ministérios e Secretarias de Estado, a DW África pôde constatar que tudo está a funcionar a meio-gás.

Para Luís Nancassa, antigo sindicalista e ex-presidente do Sindicato Nacional dos Professores, é preciso diálogo transparente entre o Governo e os sindicatos.

"O meu apelo é que ganhem a consciência e que devem dialogar, mas na base da transparência, para poderem ultrapassar este problema. Estamos no século 21 e devemos sair desta situação. Mas para sairmos desta situação, temos que dialogar. E que o Governo diga aos sindicatos o que tem a possibilidade de resolver", sublinhou.

A DW tentou sem sucesso obter a reação do Governo guineense perante mais uma paralisação da administração pública do país.

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