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"Governo de Angola não tem uma cultura de inclusão"

Nelson Sul d'Angola (Benguela)17 de julho de 2015

Quem o diz é o coordenador provincial de Benguela da Rede das Associações de Pessoas com Deficiência Física e Visual, Stefan Paulino, denunciando políticas discriminatórias do Executivo angolano.

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Angola Stefan Paulino
Foto: DW/Nelson Sul d'Angola

Descrita como a franja da sociedade mais vulnerável social e economicamente, a maioria das pessoas com deficiência física e visual em Angola tem sido discriminada e encontra bastantes dificuldades, sobretudo no acesso ao emprego e na formação académica.

De acordo com o coordenador provincial de Benguela da Rede das Associações de Pessoas com Deficiência Física e Visual, Stefan Paulino, os motivos prendem-se, em grande parte, com as políticas discriminatórias sectárias levadas a cabo pelo Governo angolano.

“Até as nossas instituições discriminam as pessoas com deficiência, dando formações de sapataria e carpintaria, impedindo-as automaticamente de fazerem outras formações superiores”, explica Stefan Paulino. O coordenador da Rede das Associações de Pessoas com Deficiência afirma que o sector do emprego tem sido uma luta, “um direito que às vezes se transforma em pedir um favor”.


Carros em vez de cidadania

Stefan Paulino lamenta ainda o facto de as autoridades prestarem maior atenção à compra de carros de luxo em vez do bem-estar dos cidadãos.

“Algumas pessoas alegam que o país está em paz, mas assistimos ao gasto de dinheiro em carros caros para as instituições, ignorando as questões que têm a ver com as pessoas”, explica o coordenador, acrescentando que “o direito de cidadania não é respeitado”. Stefan Paulino considera que o Governo angolano não tem uma cultura de inclusão e continua a tratar as pessoas com deficiência como pedintes e incapazes de assumir cargos governativos.

O coordenador provincial de Benguela afirma que “muitos dos governantes não têm parentes com deficiências”, o que, na sua opinião, dificulta a mudança de mentalidades.

“As pessoas com deficiência também podem exercer cargos de deputados e ministros”, diz Steffan Paulino, exemplificando com o Lesoto, “um país pequeno, onde o ministro da Justiça é alguém com uma deficiência visual” e se atingiu “uma maturidade de inclusão muito forte, sem medo de errar”. “Em Angola, não sei quando é que isso acontecerá”, afirma.

Sobre a questão, a DW África contactou a diretora provincial da Reinserção Social em Benguela. Maria do Céu alegou que esta é uma situação que “ultrapassa as suas competências”.

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Behinderte Menschen in Angola
Uma mãe deficiente motora transporta um bebé às costas nas favelas de Roque Santeiro em Luanda, capital angolanaFoto: picture-alliance/ dpa/dpaweb