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Contenção da saída ilícita de recursos do país permitiria uma redução direta anual de 2,11% na taxa de pobreza. Recursos, que têm a corrupção entre as origens, fomentam economias de países desenvolvidos.
A fuga ilícita de capitais de Angola pode ter chegado a 2,2 mil milhões de euros por ano entre 2008 e 2011. O valor é 157 vezes maior que os 14 milhões de euros estimados no ano passado pelo Ministério angolano das Finanças e representa aproximadamente sete por cento do Produto Interno Bruto do país.
Os números constam de um estudo baseado em dados internacionais e apresentado pelo diretor do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola, Alves da Rocha.
À DW-África, o professor disse que é difícil precisar as origens do dinheiro, mas que entre as possibilidades comuns ao continente africano estão "sobrefaturação das importações, subfaturação das exportações, corrupção, má governação, instituições públicas fracas e a organização do sistema bancário".
O destino são países desenvolvidos, principalmente os europeus e os Estados Unidos. Caso a saída do dinheiro fosse contida, haveria uma redução na pobreza em Angola:
"É um investimento que não se faz porque o capital foge de Angola. Havendo o incremento do investimento, haveria seguramente o incremento do PIB e do PIB por habitante, e por uma série de encadeamentos nós poderíamos ter resultados positivos na redução da pobreza", explica Alves da Rocha.
Corrupção
No exterior, os valores formam fortunas, que passam a pertencer a oligarquias em detrimento da população. Representante da Transparência Internacional em Portugal, Paulo Morais salienta que a fuga dos recursos está diretamente ligada à corrupção:
"O poder angolano é autocrático, é o poder de uma elite que vive à volta do presidente, e a quem o presidente vai distribuindo benesses à custa quer dos recursos do orçamento do Estado, quer dos próprios recursos naturais de Angola. Parte desses capitais são transferidos para o estrangeiro para acumular riquezas obscenas, ao mesmo tempo que, em Angola, as crianças morrem na rua e temos o segundo nível de mortalidade infantil do mundo. Há uma discrepância inadmissível", avalia.
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