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França: Eterna gratidão com ex-colónias em África

Jens Borchers | tm
6 de maio de 2017

Os franceses elegem neste domingo (07.05) o futuro Presidente do país. O candidato que ocupar o cargo não deveria negligenciar as relações com o continente africano.

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Foto: Reuters/R. Pratta

As ex-colónias africanas ainda são importantes para a "grande nação" europeia – os presidenciáveis franceses sabem disso. Em plena campanha, a candidata de extrema-direita, Marine Le Pen, visitou o Chade; e o seu opositor centrista, Emmanuel Macron, esteve na Argélia. Mesmo após a descolonização francesa, que aconteceu nos anos 70 e 80, França nunca perdeu de vista seus próprios interesses em África. 

Os grandes consórcios franceses mantêm forte presença nas ex-colónias africanas. A construtora Bolloré; a gigante do petróleo Total S.A; e o grupo das telecomunicações Orange são alguns exemplos. Ainda hoje, os franceses mantêm uniões monetárias com 15 países africanos, cujas reservas estão localizadas no Banco da França.

Embora o conselheiro alemão de Relações Exteriores com a África francesa, Stefan Brüne, defenda que a influência dos franceses em África tenha diminuído, ele também acredita que "os interesses clientelistas entre Paris e as suas antigas colônias permanecem".

Franceses em África

neu 05.05.2017 França/África - MP3-Mono

Urânio do Níger e do Gabão. Cacau da Costa do Marfim. Estes são apenas alguns dos setores em que França atua em países da África Ocidental e Central. Sem falar nos cerca de 9 mil soldados franceses presentes nestas regiões. Oficialmente, argumenta-se o combate ao terrorismo e o treinamento de tropas africanas.

Entretanto, "França parece menos empenhada no comércio, finanças ou investimento. Do contrário, mantém sua influência na política monetária e na presença militar", afirma o especialista em África francesa, Philippe Hugon.

China e EUA

A China e os Estados Unidos têm se engajado fortemente nas relações com o continente africano. Já a presença de França em África custa para um país que tem enfrentado problemas financeiros – intervenções militares e projetos para ajuda ao desenvolvimento são caros.

Diante deste cenário, está cada vez mais difícil para o país europeu manter seu apoio financeiro em África. Com isso, a União Europeia, aos poucos, aproxima-se do continente. Isso "significaria perda de influência para boa parte da elite parisiense, que não estaria preparada para a situação”, acredita o conselheiro alemão de Relações Exteriores, Stefan Brüne.

Promessas 

Nas últimas eleições, candidatos à  presidência, e até mesmo Presidentes, prometeram mudanças nas relações políticas com países africanos. Algo que implicaria mudar o comportamento hegemónico, e tratar estados africanos como iguais. Apesar das promessas, na prática, pouco se viu.

Em sua última visita à Argélia, o centrista francês, Emmanuel Macron – apontado como favorito às vésperas das eleições, com cerca de 60% das intenções de voto – retomou o tema da colonização francesa em África.  Reafirmou ter-se tratado "de um crime contra a humanidade, uma verdadeira barbárie”, da qual os franceses deveriam "desculpar-se”.

Como tais desculpas deverão acontecer ainda não se sabe. Isso dependerá da escolha dos eleitores franceses no próximo domingo.  

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