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Filme sobre a Guiné-Bissau destaca-se na Berlinale

18 de fevereiro de 2013

Terminou no domingo (17.02.) a 63ª edição da Berlinale, o Festival Internacional de Cinema de Berlim. Centenas de filmes levaram às telas debates calorosos sobre temas da atualidade, incluindo a africana.

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Realizador português João Viana. Ele levou o filme "A Batalha de Tabatô” a Berlinale de 2013
Realizador português João Viana. Ele levou o filme "A Batalha de Tabatô” a Berlinale de 2013Foto: DW/C. Vieira Teixeira

Por um lado, o que se viu nas telas da 63ª edição da Berlinale foi como o egoísmo e a ganância do ser humano afetam a vida dos outros, mas também como as catástrofes naturais, a destruição do meio ambiente ou decisões políticas podem mudar a vida de comunidades inteiras.

O Urso de Ouro foi para um filme romeno, cujo tema corrupção é muito frequente também no continente africano. Child`s Pose, ou Postura de Criança na tradução literal, é a história de uma mulher que suborna para que o seu filho não seja condenado à prisão, depois de atropelar e assim matar uma criança.

O Diretor do filme, Călin Peter Netzer, lembra que a corrupção é algo universal: "É claro que nos referimos à realidade da Romênia. É uma história muito universal, algo que poderia acontecer em qualquer lugar. Corrupção não é algo que esteja a acontecer apenas na Romênia, poderia ser noutros países. A corrupção existe em todos os lugares."

A maldição dos recursos na tela

Cena do filme "Terra Prometida" com Matt Damon como protagonista. O filme foi realizado pelo norte-americano Gus Van Sant
Cena do filme "Terra Prometida" com Matt Damon como protagonista. O filme foi realizado pelo norte-americano Gus Van SantFoto: Scott Green

Dois filmes que também concorriam ao Urso de Ouro ganharam menção especial do juri. "Promissed Land", ou Terra Prometida, tem como pano de fundo o fraking, um processo de extração de gás do solo com o uso de químicos que provocam a poluição da terra.

A trama acontece nos Estados Unidos da América, mas a mensagem encaixa-se muito bem em todas as comunidades ricas em recursos naturais, caso de muitos países africanos, como revela o protagonista, o ator norte-americano Matt Damon: "O que eu disse no fim do filme é: não sei o que fazer, mas a escolha é sua. A analogia que criamos é que as coorporações estão a jogar dos dois lados."

Por outras palavras Matt Damon atribui responsabilidade pelas escolhas: "Eles têm dois assentos na mesa de decisões. Então, se você não pegar a sua cadeira na mesa e se engajar com a questão, a decisão será tomada por você. E isso seria uma pena, pois este é o seu país."

As negras heranças do apartheid

"A Batalha de Tabatô" e "Terra de Ninguém" foram os únicos filmes que retrataram situações dos PALOP, no caso da Guiné-Bissau, no Festival
"A Batalha de Tabatô" e "Terra de Ninguém" foram os únicos filmes que retrataram situações dos PALOP, no caso da Guiné-Bissau, no FestivalFoto: DW/C. Vieira Teixeira

A outra película é "Layla Fourie", a história de uma africana que trabalha duramente para tentar educar o seu filho em Joanesburgo, na África do Sul. Ela se vê envolvida numa trama que pode levar à perda do filho. Apartheid e conflitos sociais são temas deste filme.

Na avaliação do ator Rapulana Seiphemo, o seu país passou por mudanças: "Passamos do sistema do Apartheid para uma condição em que todos são livres para se expressar. As atitudes das pessoas mudam. Não vai acontecer do dia para a noite, mas estamos no caminho."

Seiphemo cita ainda aspetos que preocupam a sociedade sul-africana e prossegue: "Temos um Governo negro. Todas essas questões sobre raça, sobre ser negro ou branco, tem se lidado de forma adequada com elas. Temos uma Constituição que representa a todos e protege todos os cidadãos da África do Sul."

Guiné-Bissau brilha na Berlinale

Filme sobre a Guiné-Bissau destaca-se na Berlinale

Entre as produções lusófonas, o destaque foi para o filme do diretor português João Viana. "A Batalha de Tabatô" revela com poesia a história política da Guiné-Bissau e questiona o melhor caminho para se alcançar a paz.

O filme concorreu pela mostra Forum ao prémio de melhor primeira longa-metragem. Ganhou uma menção especial do juri levando o diretor João Viana a brilhar entre as estrelas do cinema na Berlinale.

O diretor rodou o filme na Guiné-Bissau. É um filme a preto e branco.

Em declarações à Lusa, João Viana, de 46 anos, mostrou-se satisfeito pela distinção e referiu que “a parte monetária desta menção também é muito importante para pagar dívidas relativas à rodagem do filme”.

Ele acredita que esta menção serve de marco para o seu filme, porque lhe abrirá as portas de um ano que agora começa. João Viana pretende levar e vender o filme pelo mundo e conta que já tem alguns compromissos na Europa.

De acordo com a organização, o evento contou com a maior participação de sempre de filmes e também de espetadores, com mais de 400 filmes vistos por cerca de 300 mil pessoas.

Autora: Cristiane Vieira Teixeira (Berlim) / Lusa
Edição: Nádia Issufo / António Rocha

A história do "Layla Fourie" gira em torno de um homem branco morto por uma mulher negra que queria proteger o seu filho
A história do "Layla Fourie" gira em torno de um homem branco morto por uma mulher negra que queria proteger o seu filhoFoto: Pandora Film
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