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Expulsão de Julius Malema é exagero, diz analista

6 de março de 2012

Julius Malema, líder da Juventude do partido sul-africano ANC, deverá recorrer da decisão tomada pela comissão disciplinar de expulsá-lo. Ele é acusado de criar divisões e denegrir a imagem do partido.

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Julius Malema reivindica uma distribuição equitativa dos recursos do paísFoto: picture-alliance/dpa

A decisão do partido governista sul-africano ANC (Congresso Nacional Africano) de expulsar Malema segue-se a uma suspensão de cinco anos do líder da Liga da Juventude, da qual Malema recorreu.

O Professor de Direito Internacional e Comparado da Universidade da África do Sul, André Thomashausen, em entrevista à DW África, fala-nos das particularidades do recurso do líder da Juventude do ANC, e começa por confirmar que o caso foi motivado por razões políticas e não disciplinares.

André Thomashausen: [A decisão de expulsar Malema foi] absolutamente legítima e correta. [Mas] o pecado de que Malema foi acusado, de ter criticado o governo do Botswana acusando-o de ser muito alinhado com a política dos norte-americanos, isso só não poderia ter lhe valido a expulsão do partido. Porque, nesta última fase do processo contra Malema, a pena foi agravada, já não é apenas a suspensão, mas sim a sua expulsão do partido. Objetivamente é uma reação exagerada e isso só explica a grande rivalidade política de um político mais jovem, que tem apenas metade da idade de Jacob Zuma [presidente sul-africano], e que está a desafiar a política do partido.

O professor André Thomashausen
O professor André ThomashausenFoto: Arquivo Pessoal

DW África: Relativamente aos distúrbios causados entre os apoiantes e opositores de Malema [após a expulsão], acha que se irão agravar caso o recurso apresentado não tenha resultados positivos?

AT: Este é um dos pontos críticos de Malema, o facto de ele não se distanciar de práticas violentas na política e pautar por práticas duvidosas. Isso prejudica a sua imagem, ele é rejeitado pela grande maioria da população e assusta também uma grande parte dos seus seguidores.

DW África: Acredita que Malema será bem sucedido e que pode ter uma chance de voltar ao cargo que ocupava antes no ANC?

AT: Em termos de processo legal, penso que ele tem boas justificações, porque é muito invulgar num nível de recurso haver um agravamento de uma pena. Ele foi condenado a uma suspensão de cinco anos, do estatuto de membro, e no recurso que apresentou houve um agravamento da pena até ao nível da expulsão. Mas estes são processos disciplinares do partido, e não processos em tribunal e daí, mais uma vez, é a vontade política que vai prevalecer. E o órgão que vai decidir sobre este recurso é o mesmo que já tinha tomado a decisão anterior. Portanto, não penso que vão facilitar a vida a Malema, pelo contrário. Caberá a Malema decidir se quer continuar nesta confrontação contra o ANC, ou se aceitará começar uma vida no setor privado como empresário e sem atacar a política máxima do país.

Autora: Carla Fernandes
Edição: Nádia Issufo/Renate Krieger