Num único dia, o Presidente moçambicano Filipe Nyusi, visitou cinco empresas: o Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique (INCM), o Porto de Maputo, o Instituto Nacional de Transportes Terrestres (INATTER), a Empresa Municipal de Transportes Públicos de Maputo (EMTPM) e as Linhas Aéreas de Moçambique (LAM). Esta última empresa tem sido bastante criticada pelo péssimo serviço prestado.
O analista Silvério Ronguane lembra que a companhia aérea se transformou num cancro e diz que "não restam dúvidas, que estando a LAM na situação em que se encontra neste momento e todo o Ministério dos Transportes e Comunicações envolvido em escândalos e problemas sérios, várias situações anómalas estão a minar o desenvolvimento e funcionamento dessa instituição."
E em simultâneo, o próprio ministro Carlos Mesquita terá violado a Lei de Probidade Pública ao contratar as suas próprias empresas para fornecerem serviços a empresas sob sua tutela. Que significado têm as visitas de Nyusi num momento em que o Ministério dos Transportes e Comunicações está na "berlinda"?
Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique
O analista Egídio Vaz distancia as visitas de Nyusi dos escândalos e crises, enquadrando-as no normal processo de visitas que o estadista tem estado a fazer a vários ministérios, mas admite que "é uma questão tática, mas também de disponibilidade, eventualmente. Portanto, a visita ao Ministério dos Transportes e Comunicações não é uma visita em resposta aos últimos desenvolvimentos."
Avaliações, saneamentos e remodelações
Depois da Comissão Central de Ética Pública ter reconhecido que o ministro Carlos Mesquita violou a Lei de Probidade Pública e de se saber que a LAM e outras empresas estão financeiramente debilitadas e a enfrentar problemas operacionais são aguardadas soluções.
Silvério Ronguane espera uma atitude contundente do Presidente Nyusi: "Com essas visitas que o Presidente faz aos ministérios, temos a esperança de que no final haja um saneamento, porque o chefe de Estado vem sendo informado dos vários problemas que as empresas vivem e que passam necessariamente pelos seus gestores. Portanto, é de se esperar que no final dessas visitas se faça uma avaliação e que se tirem as consequências políticas necessárias."
E o analista conclui dizendo que "se o Presidente quer continuar a ter alguma credibilidade terá de fazer alguma coisa para demonstrar que realmente está preocupado com a coisa pública e com a governação."
Mas esse saneamento ou remodelação no Ministério dos Transportes e Comunicaçõesestaria dependente de agendas partidárias da FRELIMO que sustenta o Governo, sugere o analista Egídio Vaz: "Vejo ali uma última remodelação, e a acontecer isso, definitivamente vai contemplar o ministro, seja para transferi-lo para um outro setor ou para dispensá-lo para outras atividades. Não acredito que o ministro Mesquita seja dispensado por isso agora, antes do Congresso."
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País pobre com táxis de luxo
Táxis da Mercedes-Benz por todo o lado em Bissau
Nas estradas da Guiné-Bissau, país situado na África Ocidental, prevalecem carros da marca Mercedes-Benz. Apesar deste ser um dos países mais pobres do mundo, ocupando a 12ª posição a contar do fim no índice de desenvolvimento humano das Nações Unidas, quase todos os taxistas conduzem viaturas da Daimler, construtora alemã de carros topo da gama.
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País pobre com táxis de luxo
Modelos resistentes a gasóleo
Os modelos mais resistentes são também os mais procurados. Ao contrário dos modelos modernos, os mais antigos podem ser reparados pelos proprietários e condutores sem conhecimentos de informática. Quase a totalidade dos transportes públicos de Bissau, com os seus 400 000 habitantes, é operada com táxis coletivos e mini-autocarros da marca Mercedes-Benz.
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Amado conduz este Mercedes-Benz desde 1999
Um tio que emigrou para a Alemanha em 1997 enviou este Mercedes para Bafatá, no leste do país, para apoiar a família. Em 1999, o carro foi levado para a capital, Bissau. Desde então serve de ganha-pão ao taxista Amado. As receitas chegam para pagar o almoço e o jantar a toda a família.
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País pobre com táxis de luxo
Todos os táxis são táxis coletivos
Tal como todos os taxistas em Bissau, também Amado recolhe sempre vários passageiros que querem ir mais ou menos para o mesmo lado. Os táxis de Bissau estão quase sempre em movimento. Se ainda há um lugar livre, pode-se mandar parar o táxi. Mas o destino deve ser próximo daquele dos restantes passageiros. Também é possível ter o uso exclusivo do táxi, mas é mais caro.
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País pobre com táxis de luxo
Painéis dos anos 80
Uma apreciação do interior da viatura revela instrumentos clássicos dos anos 80. Este é o interior de um modelo 190D da série Mercedes-Benz W201. Entre 1982 e 1993 foram produzidos cerca de 1,8 milhões de exemplares deste predecessor da atual classe C. Olhando com atenção deteta-se no lado direito da imagem uma bandeira alemã. Este género de símbolos é muito popular entre os taxistas.
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Oficina da rua
Muitos táxis já têm mais de um milhão de quilómetros de rodagem, e, por isso, sofrem de numerosos defeitos. A reparação torna-se assim num negócio rentável, no qual se especializaram várias oficinas da rua. Sobretudo os jovens aprendem aqui como reparar os modelos da Mercedes-Benz, ocupação que lhes garante o sustento.
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Carros canibalizados
Hoje em dia é fácil obter em Bissau todas as peças sobressalentes dos modelos mais comuns da Mercedes-Benz. Elas não são importadas da Alemanha, mas extraídas dos numerosos táxis cujas carroçarias já não resistem ao uso. As viaturas são canibalizadas e usadas como depósito de peças de reposição. Neste caso foi extraído o bloco completo do motor para ser inserido noutro táxi.
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Investimento conjunto
Sete guineenses juntaram-se para comprar este táxi Mercedes-Benz. Com a matrícula, 42-11-CD, é um dos táxis mais conhecidos da cidade. No fim do mês, o condutor paga o aluguer aos proprietários. Quando o negócio anda de vento em popa, sobra o equivalente a 75 euros para cada um. O que na Guiné-Bissau é uma pequena fortuna. O rendimento médio per capita no país é inferior a 50 euros mensais.
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O modelo para carreiras de longo curso
O modelo 240TD da série 123 foi construído de 1975 a 1986, e é conhecido pelo nome de "sete plass" (sete lugares) na Guiné-Bissau. Este carro é considerado muito resistente e usado, sobretudo, para carreiras de longo curso. Este táxi coletivo faz a carreira de Bissau para Ziguinchor, na Casamansa (Casamance), no vizinho Senegal. A publicidade no para-brisas revela a sua origem.
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Furgonetas da Mercedes para rotas fixas
Enquanto os pequenos táxis coletivos têm rotas flexíveis, as grandes furgonetas da Mercedes-Benz cumprem carreiras fixas. É o caso deste mini-autocarro do tipo 210D ("Mercedes Transporter"), chamado de "toca-toca", que faz a ligação entre o centro da cidade o Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira em Bissau, como se pode ler na placa que diz “Aeroporto”.
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Miríade de tipos
Também há vários tipos de mini-autocarros, mas a preferência dos motoristas pelos modelos da Mercedes-Benz é evidente. Os carros desta marca têm a fama de ser resistentes. O furgão do tipo 210D foi construído na fábrica de Bremen, no norte da Alemanha, entre 1977 e 1995. Deste modelo de nome “Bremer Transporter” foram fabricados 970.000 unidades. Hoje ele é construído sob licença na Índia.
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A importação é sempre de segunda mão
Tanto as furgonetas amarelas e azuis que servem de mini-autocarro como os táxis azuis e brancos são geralmente importados em segunda mão. Normalmente os carros oriundos da Europa entram em África via Banjul, cidade portuária na vizinha Gâmbia. Daí seguem via sul do Senegal e norte da Guiné-Bissau para a capital, Bissau. Onde são pintados nas cores típicas.
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Parte integrante do cenário de Bissau
Na imagem, vários táxis pintados em azul e branco seguem numa estrada secundária de terra batida em Bissau. Os táxis da Mercedes-Benz são hoje parte integrante do cenário da capital da Guiné-Bissau. Como as viaturas são muito resistentes e fáceis de reparar, é muito provável que os modelos dos anos 80 e do início da década 90 ainda possam ser admirados por muito tempo nas ruas de Bissau.
Autoria: Johannes Beck / Braima Darame