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Estado Islâmico reivindica ataque em Mocímboa da Praia

Lusa | Reuters | tms
25 de março de 2020

Grupo terrorista disse esta quarta-feira que dezenas de soldados e polícias foram mortos ou feridos, mas o Governo moçambicano ainda confirmou a informação. Esta madrugada foi registado um novo ataque em Cabo Delgado.

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Foto: DW/A. Chissale

O Governo moçambicano ainda não reagiu à informação avançada pelo Estado Islâmico. Entretanto, a província de Cabo Delgado foi alvo de mais um episódio de violência na madrugada desta quarta-feira (25.03), 48 horas após o ataque que deixou um rasto de destruição em Mocímboa da Praia.

Desta vez o alvo foi a vila de Quissanga, a 200 quilómetros a sul dos megaprojetos de gás natural em construção na região e mais perto da capital provincial, Pemba, foi atingida.

Desde a madrugada desta quarta-feira, parte da população daquela povoação costeira está a fugir de barco e a pé para o arquipélago das Quirimbas, nomeadamente, a ilha do Ibo, a 14 quilómetros, enquanto outras pessoas tentam chegar a Pemba, a menos de 100 quilómetros.

Fuga da população

A caminhada a pé é possível na maré baixa, por entre o mangal que separa Ibo de Quissanga - e é no meio do mangal que há muita população escondida, segundo um relato, que dá conta de se avistar fumo sobre a vila, indiciando que há infraestruturas a serem incendiadas.

Não há indicação de vítimas, dado que os moradores dizem que todas as famílias se colocaram em fuga aos primeiros sinais de invasão, ao ouvirem disparos na parte alta da vila, junto a edifícios da administração.

Alguns habitantes perderam contacto com crianças das respetivas famílias durante a fuga para os barcos nesta madrugada, como é o caso de uma mulher cujo relato à Lusa dá conta de que não sabe de um sobrinho que tinha ao seu cuidado, que espera também tenha fugido.

 (D. Anacleto)
Já em janeiro o Presidente Filipe Nyusi alertou que Moçambique necessita de apoio externo para pôr fim aos ataques Foto: DW

Ataques anteriores 

A região de Quissanga já tinha sido massacrada por ataques no final de janeiro, levando à destruição de parte do Instituto Agrário de Bilibiza, gerido pela Fundação Aga Khan.

A província de Cabo Delgado tem sido alvo de ataques de grupos armados que organizações internacionais classificam como uma ameaça terrorista e que em dois anos e meio já fez, pelo menos, 350 mortos além de 156.400 pessoas afetadas com perda de bens ou obrigadas a abandonar casa e terras em busca de locais seguros.

A onda de violência que nasceu em comunidades muçulmanas radicalizadas e cujos grupos incluem residentes que até hoje nunca fizeram reivindicações ou apresentaram um líder - salvo comunicados do grupo jihadista Estado Islâmico, mas cuja presença no terreno especialistas e autoridades consideram pouco credível.

"Problema multinacional"

Em janeiro, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, referiu que Moçambique vai precisar de apoio de outras organizações para acabar com os ataques armados no Norte. "Precisamos de comparticipação porque é um problema multinacional, então, a sua solução não vai depender só de Moçambique, mas estamos a trabalhar", referiu então.

Para a vice-diretora da Amnistia Internacional para o leste e sul de África, Muleya Mwananyanda, a "escalada de violência em Mocímboa da Praia é o culminar de um trágico fracasso do Governo moçambicano em proteger as pessoas nesta área volátil".

"Durante quase três anos, grupos armados atacam moradores de Cabo Delgado, causando sofrimento humano incalculável sem serem responsabilizados", frisou Mwananyanda, citada pela agência Reuters.