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Esperanças de uma nova política da Alemanha para África

Bertolaso-Krippahl, Cristina20 de setembro de 2013

Domingo, dia 22 de setembro, os alemães vão às urnas para eleger um novo parlamento e Governo. Será que, depois dessas eleições, haverá mudanças na política africana de Berlim?

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Em todo o caso, o lóbi africano na capital federal tem expetativas, que se prendem com mais respeito, iniciativa e fomento de relações comerciais com o continente africano.
A primeira viagem a África do ministro da Cooperação económica Dirk Niebel, responsável pela política de desenvolvimento, ocorreu em Janeiro de 2010, apenas seis meses após a tomada de posse.

A boa vontade do ministro no seu regresso era evidente: "Aprendi que tanto o potencial como os problemas em África são muito grandes. E exigem grande esforço. Por isso, em matéria de cooperação, é correcto colocar a tónica também no nosso continente vizinho".

A necessidade de um diálogo entre iguais

Quais foram os efeitos práticos? Nicolai Röschert suspira. O presidente da organização não governamental para o desenvolvimento, AfriAvenir, com sede em Berlim, diz que ainda falta muito para que a política africana do Governo possa ser considerada coerente e eficaz. E exige mais esforços do futuro Executivo. A começar por um "diálogo entre iguais", muito invocado, mas pouco praticado:

"O mais importante, e o que desejam também as pessoas em África, é uma outra forma de lidarmos uns com os outros. Por exemplo, com os dinheiros públicos à nossa disposição estamos impedidos de convidar africanos a viajarem até à Alemanha. É caso para perguntar como se pode então dialogar entre iguais?"

Até o protocolo diplomático não prevê um tratamento igual. Ministros africanos de visita só raras vezes são recebidos pelos seus homólogos alemães. É um pormenor, concede Röschert, mas os africanos sentem-no como muito desagradável.

Empresas alemãs em África querem apoios Entretanto cresce o interesse das empresas alemãs em investir no continente africano. É o que diz Martin Wilde, director-executivo da Federação dos Empresários Católicos, que trabalhou muito tempo no Gana, Senegal e Nigéria. Wilde quer que a política apoie melhor as firmas que investem em África: "Precisamos de uma maior concentração em Pequenas e Médias Empresas. Os grandes consórcios listados na Bolsa de Valores alemã não precisam de apoio quando vão para África". Mas, sublinha, uma empresa média tem que avançar com cautela, porque "é pequena e deve orientar-se num ambiente por vezes precário em termos de Estado de Direito. O que comporta riscos elevados" conclui.

A reivindicação de Wilde é assinada por baixo pela Associação Africana da Indústria Alemã. As Pequenas e Médias Empresas necessitam urgentemente de garantias estatais para capital de risco. Não na forma de subsídio, mas apenas para assegurar uma competição justa com empresas de outros países. Os investidores da China e do Brasil, diz a Associação, têm mais facilidades em obter capital.

Mais transparência na ajuda ao desenvolvimento

Nicolai Röschert, da ONG AfricAvenir, foca outro assunto importante: os subsídios agrários da União Europeia, que tornam praticamente impossível a exportação de produtos africanos para o mercado europeu. Finalmente, diz, há que reformar com urgência a quota do Produto Interno Bruto destinada à ajuda ao desenvolvimento, porque ela "não reflete o movimento de capital da África para a Europa, que custa muito mais aos países africanos do que a soma que recebem em ajuda ao desenvolvimento".

Isto porque a chamada quota ODA (Official Development Assistance ou Assistência Oficial ao Desenvolvimento) inclui créditos concedidos pela Alemanha a países africanos. Mas os juros que têm que ser pagos a longo prazo são muitas vezes superiores ao total do crédito que regressa à Alemanha na forma de lucro. E Röschert remata: "É caso para perguntar quem está a aqui a desenvolver quem?".