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Esperanças de paz renovadas em Moçambique

Leonel Matias (Maputo)
7 de fevereiro de 2017

A RENAMO, o maior partido da oposição moçambicana, está de volta à política pública ativa em várias províncias. E já são conhecidos os nomes escolhidos por Filipe Nyusi e Afonso Dhlakama para as negociações de paz.

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Afonso Dhlakama e Filipe Nyusi: aperto de mãos foi em 2015Foto: AFP/Getty Images/S. Costa

Em Moçambique surgem sinais que renovam as esperanças de se alcançar a paz definitiva no país. Depois das garantias de segurança dadas pelo Governo, vários quadros da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) que se encontravam em parte incerta já retomaram a vida política em várias províncias, como Sofala, Manica e Tete. 

Representantes da RENAMO estiveram reunidos esta terça-feira (07.02) com governadores e presidentes das assembleias provinciais. Em Chimoio, capital da província de Manica, o partido liderado por Afonso Dhlakama realizou um comício.

Grupos de trabalho

Na segunda-feira (06.02), o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, Afonso Dlakhama, não demoraram em designar os seus representantes para os dois grupos de trabalho que vão discutir a descentralização e os assuntos militares nas negociações de paz.

A designação acontece em tempo que pode ser considerado recorde, uma vez que as duas partes tinham concordado em trabalhar no assunto a partir desta segunda-feira (06.02) e durante a semana.

Mosambik Friedensverhandlungen Renamo Mitglieder
Trabalhos da comissão mista foram suspensos em dezembro sem acordo sobre descentralização e cessação das hostilidades Foto: DW/L. Matias

"Essa urgência com que o Presidente Nyusi e também o presidente da RENAMO estão a agir faz sentido", considera o analista Gustavo Mavie. "Revela que têm consciência da gravidade do problema", sublinha. "É preciso agir com muita rapidez", acrescenta, "porque esse tipo de situações acarreta prejuízos não só económicos como a perca de vidas humanas."

O analista lembra que o Presidente assumiu a chefia do Estado "numa situação muito má", quando o país "estava em chamas", numa situação de conflito militar e de outros problemas como o custo de vida.

Todos os nomes

O grupo de trabalho sobre descentralização é constituído pela parte do Governo por Albano Macie e Eduardo Chiziane, ambos docentes universitários de Direito. Macie é igualmente assessor jurídico do Parlamento. Eduardo Chiziane foi membro da ex-subcomissão do diálogo político entre o Governo e a RENAMO que abordava a questão da descentralização.

07.02.17 Grupos especializados do Governo e RENAMO - MP3-Stereo

A parte da RENAMO é constituída por Saimone Macuiana, chefe de extinta comissão do diálogo por parte do maior partido da oposição, e Maria Joaquina, antiga vogal da Comissão Nacional de Eleições (CNE).

Para a comissão de assuntos militares o Executivo nomeou Armando Panguene, um  combatente da luta de libertação nacional, que ocupou as pastas de vie-ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, além de ter sido embaixador de Moçambique em vários países (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Portugal e África do Sul) e governador nas províncias de Nampula e Cabo Delgado.

O outro membro da comissão por parte do Governo é Ismael Mussa Mangueira, um combatente da luta de libertaão nacional que ocupou vários cargos no Ministério da Defesa, foi membro do Tribunal Militar e cônsul honorário da Eslováquia em Maputo.

A RENAMO indicou Leovigildo Buanancasso, que faz parte do Conselho de Estado e André Magibire, membro do Parlamento.

A designação dos dois grupos especializados acontece numa altura em que o Governo e a RENAMO observam uma trégua de 60 dias no conflito militar. Para Gustavo Mavie, "é mais do que evidente" que o cessar-fogo "vai ser alargado". O analista lemmbra que o líder da RENAMO, da última vez que falou, no dia 03.02, "deixou claro que não vai mais reativar a guerra."

 

 

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