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Piratas mudam "modelo de negócios" no Golfo da Guiné

Silja Fröhlich
14 de fevereiro de 2020

Ações de piratas se deslocam do Corno de África para os mares do Golfo da Guiné. Especialistas em segurança marítima dizem que ataques a embarcações diminuíram, mas o número de tripulantes sequestrados aumentou.

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Militäroperation gegen Piraten im Golf von Guinea
Operação militar contra piratas no Golfo da GuinéFoto: DW/N. Tadegnon

Os piratas do mar estiveram anos a fio ativos nas águas do Corno de África. Mas atualmente nove em cada dez sequestros acontecem do outro lado do continente: no Golfo da Guiné. A região tem 6 mil km que vai do Senegal a Angola. Nessa região, o número de raptos duplicou em 2019. Já na Somália, não se registaram incidentes.

O especialista do Escritório Marítimo da Câmara de Comércio Internacional, Cyrus Mody, não concorda que esteja a ocorrer um aumento de ocorrência de ataques na região, porque elas já ocorrem há anos. Para ele, a diferença nestes últimos anos é que os média passaram a dar mais atenção.

Militäroperation gegen Piraten im Golf von Guinea
Equipe de combate à piratas no Golfo da Guiné em 2017Foto: DW/N. Tadegnon

"Provavelmente existem duas razões para isso: uma é que o número total de incidentes nessa região é subnotificado de 50% a 60%. O segundo motivo é que há 10 anos tivemos a questão da pirataria na Somália, que foi abordada pela média - porque havia muitos sequestros, pagamentos de resgastes muito altos e vários casos de maus-tratos”.

Mudança de método

Segundo um relatório da autoridade marítima dos Estados Unidos, a MARAD, os piratas têm predileção por navios com tripulações internacionais. Em dezembro, eles sequestraram quase 40 pessoas em duas embarcações na costa da Nigéria e do Benin. O Capitão-de-fragata Wolf Kinzel, especialista em segurança marítima na Fundação Ciência e Política da Alemanha explica que houve uma mudança de tática nas ações dos grupos criminosos.

Para Kinzel, a situação piorou. O número de tripulantes sequestrados aumentou de 78 para 121 em 2018, como nos anos anteriores. Por outro lado, o número de ataques diminuiu em 25% - de 82 ataques em 2018 para 62 em 2019. A diferença, segundo especialista é que agora, os piratas têm foco maior nas pessoas.

"A logística mudou. Em vez de levarem dois ou três tripulantes em dezembro, sequestraram 19 ou 20. Toda a tripulação foi raptada. Isso sugere que o modelo de negócios é o resgate”, deduz o militar alemão.

Piratas intensificam ações no Golfo da Guiné

Falta de cooperação

A falta de cooperação entre os países do Golfo da Guiné impede uma ação concertada contra a pirataria marítima, sobretudo quando se fala em águas nacionais e internacionais. Cada vez que as autoridades de um país têm de perseguir piratas precisam de pedir autorização para penetrar em território marítimo de outro país, o que dificulta uma resposta eficaz.

A comunidade internacional resolveu o problema no Corno de África. Desde 2008, navios e aeronaves patrulham constantemente a costa da Somália no âmbito da missão Atalanta, levada a cabo pela União Europeia. O executivo comunitário tem interesse naquela região porque é por onde passam grandes fluxos de mercadorias entre a Europa e Ásia.

Mody acha que as missões internacionais são extremamente importantes porque permitem um intercâmbio de informações e conhecimentos com países que lidam com este tipo de crimes.

"Ao mesmo tempo, a comunidade internacional pode desempenhar um papel relevante na educação da comunidade local, tentando fazê-la perceber que os problemas que facilitam este tipo de crimes estão em terra”, disse.