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Malianos não esperam pela ajuda do Estado

Jens Borchers | ck
17 de agosto de 2018

No Mali as pessoas estão habituadas à ineficácia do Estado. Mas o que fazer quando a administração não faz nada? Os malianos não resignam e arranjam forma - mesmo que pouco convencional - de solucionar os seus problemas.

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Foto: imago/imagebroker/H. Heine

Um posto de saúde no ocidente do país, uma zona de extrema pobreza, é um exemplo que demonstra como os malianos recorrem à autoajuda para enfrentar as dificuldades do dia a dia.

No dia em que chegamos à remota aldeia de Bandiougoula, o mais velho Salomou Traoré corta a fita de inauguração e pede aos convidados de honra e à população que entre na sala de parto novinha em folha do posto de saúde. Há uma cama, uma cadeira ginecológica e um páravento móvel. Uma enfermeira explica a quem quer saber por que esta sala de parto é tão importante para um lugar como Bandiougoula.

No Mali ainda morrem muitas mulheres durante o parto, sobretudo nas regiões rurais, onde o acesso a cuidados médicos é inexistente. Por isso era tão importante para os habitantes da aldeia terem um posto de saúde. E o facto do modesto posto ter agora uma sala de parto é motivo para celebrações.

Abençoados emigrantes

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O imã abençoa a nova aquisição. Há danças e cantares e discursos durante quase duas horas. E todos são unânimes em tecer louvores aos emigrantes: os numerosos homens e algumas mulheres que partiram de Bandiougoula, sobretudo para a França, para ganhar a vida. São eles que enviam dinheiro, não para a família, mas para apoiar projetos que beneficiem toda a comunidade.

Salomou Traoré diz que o posto de saúde, a nova sala de parto, a torre de água e duas escolas não foram financiados com impostos, mas com as remessas dos emigrantes: "Fomos nós que fizemos tudo o que existe na nossa aldeia. O Estado maliano não fez nada".

Qualidade de vida

Bandiougoula não tem eletricidade nem água corrente. Mas pelo menos tem agora duas escolas, uma torre de água e um posto de saúde. O que é muito mais do que existe noutras aldeias. Quem adoecer ou se magoar no trabalho pode recorrer a um médico ou a uma das duas enfermeiras no posto de saúde. As parturientes não precisam ser transportadas de carro e aos solavancos por uma pista de areia os 15 quilómetros que separam a aldeia da cidade de Yelimané.

Agora as crianças nascem em Bandiougoula onde podem ser vacinadas e ter cuidados médicos regulares. Para os habitantes desta aldeia, isso significa uma melhoria significativa da qualidade de vida, que ficaram a dever apenas ao próprio esforço.