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Eleições gerais na Guiné-Bissau decorrem sem incidentes e com grande afluência

Márcio Pessoa (Bissau) / LUSA13 de abril de 2014

A Guiné-Bissau realiza este domingo (13.04) eleições legislativas e presidenciais, que marcam o fim do período de transição que se seguiu ao golpe de Estado de 2012.

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Foto: SEYLLOU/AFP/Getty Images

A votação para as primeiras eleições gerais, legislativas e presidenciais, na Guiné- Bissau depois do golpe de Estado de 12 de abril de 2012 estão a decorrer na normalidade, sem registo de incidentes. Segundo anunciou a Comissão Nacional de Eleições (CNE) a afluência às urnas está a ser "bastante grande".

Essas eleições contam com o maior número de sempre de eleitores recenseados. Um total de 775.508 cidadãos consta dos cadernos eleitorais, após o recenseamento realizado entre dezembro e fevereiro deste ano. Para além de escolherem um novo presidente, os guineenses vão eleger os 102 deputados da Assembleia Nacional Popular.

400 observadores internacionais seguem as eleições

Também não há memória de haver tantos observadores internacionais a vigiarem uma votação no país: são cerca de 400 e refletem a pressão externa para que não se repitam incidentes, como o golpe de Estado de há dois anos, entre a primeira e a segunda volta das presidenciais.

As 2.983 mesas de voto (28 na diáspora) vão estar abertas até às 19 horas, Tempo Universal Coordenado (T.U.C.), e cada eleitor poderá preencher dois boletins de voto com 13 candidatos presidenciais e 15 partidos a concorrer à Assembleia Nacional Popular.

Nessas eleições gerais, cada eleitor tem um novo cartão que inclui fotografia e outros dados, produzido com meios informáticos que circularam pelo país durante o recenseamento, apoiado por Timor-Leste.

Joaquim Chissano
Joaquim Chissano, ex-presidente de Moçambique, chefia grupo de observadores da UAFoto: DW/B. Darame
Wahl Guinea-Bissau 2014
Foto: SEYLLOU/AFP/Getty Images

Apesar da nova tecnologia, com registo de eleitores numa base de dados central, nenhum eleitor deixa a respetiva mesa de voto sem mergulhar o dedo indicador direito na tinta indelével, marca de que já exerceu o seu direito.

Fronteiras da Guiné-Bissau fechadas

As fronteiras guineenses foram fechadas e a circulação rodoviária condicionada, com a segurança garantida por 4.223 membros das autoridades da Guiné-Bissau e missões internacionais estacionadas no país.

Nas últimas semanas, sucederam-se comunicados e declarações com apelos às autoridades e população da Guiné- Bissau para que a votação e o período pós-eleitoral sejam serenos.

No sábado (12.04), o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, fez um último apelo antes da abertura das urnas e numa nota à comunicação social pediu "à população e instituições da Guiné-Bissau que conduzam uma votação pacífica e credível".

A nível dos observadores, Amos Sawyer, chefe da missão da CEDEAO e antigo presidente interino da Libéria, lembrou que o processo eleitoral é muito importante para o restabelecimento da confiança na Guiné-Bissau e pode contribuir para o fim das sanções aplicadas ao país em função do golpe militar.

"O trabalho que os observadores fazem durante estas eleições vai vincular-se ao processo de negociação sobre a suspensão das sanções, porque eleições credíveis constituem um elemento importante para essas negociações", disse o responsável, que acredita que "todos estão no caminho certo".

Por seu lado, o ex-presidente de Cabo Verde, António Mascarenhas Monteiro, disse em Bissau que existe um novo estado de espírito da comunidade internacional em relação à Guiné-Bissau.

Logo CPLP
Observador da CPLP, Leonardo Simão acredita que este pleito termine de forma pacífica.Foto: CPLP

"O Governo que sair dessas eleições irá dialogar com as instituições, os países, a comunidade internacional no seu todo. Contudo, a condição fundamental para a suspensão das sanções é a eleição de um Governo legítimo, o que vai acontecer agora", afirmou.

O chefe do grupo de observadores da União Africana (UA), Joaquim Chissano, está otimista com essas eleições e avaliou de forma positiva a organização deste pleito eleitoral. "Se não houver nada de anormal nessas eleições, elas serão credíveis. Mas, para isso temos que ver ainda o desenrolar dos processos que se seguem".

Ambiente sem crispação

Para o chefe dos observadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Leonardo Simão, em comparação com as eleições de 2012, desta vez há um ambiente mais favorável para que este pleito termine de forma pacífica.

"Contrariamente aquilo que se sentia no passado, em 2012, em que havia uma certa crispação na sociedade, hoje o ambiente é completamente melhor", afirmou Simão.

O representante do secretário-geral da ONU em Bissau, José Ramos-Horta, espera que, após essas eleições, haja esforços para um "Governo de inclusão".

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José Ramos-Horta, representante do secretário-geral da ONU em BissauFoto: AP

"Estou convencido que haverá a possibilidade para a formação de um Governo de inclusão, isto é, não necessariamente um Governo de coligação", referiu Ramos-Horta. "O partido vencedor convidará pessoas que o primeiro-ministro eleito entender, com base nas suas qualificações profissionais ou pela sua integridade, e que possam ser uma mais-valia para o seu Governo, sejam elea de um partidio ou de outro ou independentes".

Entretanto, o general António Indjai, que liderou o golpe de Estado que há dois anos interrompeu as eleições presidenciais na Guiné-Bissau lançou na manhã deste domingo pombas brancas depois de votar no bairro de Plubá, onde reside, em Bissau.

(Em atualização)

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