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CriminalidadeMoçambique

Dívidas ocultas: Ré Mbanda diz que recebeu 171 mil euros

20 de setembro de 2021

A cunhada do antigo diretor dos Serviços Secretos de Moçambique, Gregório Leão, confirmou ter recebido cerca de 170 mil euros, mas negou que o valor seja da Privinvest. Ré diz que valor é de um empréstimo da sua irmã.

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Mbanda Anabela Henning
Mbanda Anabela Henning é uma das arguidas no processo das dívidas ocultasFoto: Romeu Silva/DW

A ré Mbanda Henning, arguida no caso das "dívidas ocultas" confirmou no tribunal ter recebido cerca de 170 mil euros da sua irmã, a co-ré Ângela Leão, mas nega ser dinheiro da Privinvest.

O valor em causa foi transferido pela empresa M.Moçambique Construções do outro réu Fabião Mabunda para a conta de Mbanda, cuja proveniência é dos subornos da Privinvest.

A arguida disse que tem provas de que o dinheiro resulta do pagamento do empréstimo feito pela sua irmã em 2011 e o mesmo valor foi usado para pagar o desenho da construção de 14 imóveis no bairro da Costa do Sol.

Veja imagens da audição de Ndambi Guebuza

O Ministério Público desconfia que Mbanda Henning tenha feito parte do esquema de dispersão do dinheiro da família Leão por estar no projeto dos 14 imóveis.

Foi "uma parte em cheques, outra parte em numerário, mas fazia depósitos nas contas da ARQUITEC", respondeu. À Procuradoria, disse que tem como provar a proveniência do valor. "Tenho como provar, sim, vem das minhas empresas."

O Ministério Público mostrou-se duvidoso de que este valor, segundo a ré, resulta de uma dívida de 2011, que na altura foi dada à irmã e vinha de uma conta corrente caucionada.

"Tenho [documentos] sim. Tanto que dei-lhe em cheque. Ela informou-me que já transferiu o valor na minha conta. Fui ver e vi que o dinheiro estava lá", disse.

"Então, só se preocupou em ver o valor refletido? Sim, nunca te interessou em saber?", questionou a procuradora do caso. "Nunca me interessei", respondeu a arguida.

Origem desconhecida

A Ordem dos Advogados de Moçambique, assistente do Ministério Público neste julgamento, quis saber se a ré não achava estranho cair dinheiro na sua conta, cuja origem era desconhecida.

"Nunca achei estranho, porque primeiro a falei com minha irmã e ela disse que o valor estava na conta. A título de exemplo, tenho uma empresa que vende materiais de construção, fazem vários pagamentos. Faço uma cotação, por exemplo, para a construção. De repente, aparece um cheque a pagar aquela mercadoria. Ou seja, fazem a transferência daquele valor. Nunca perguntei sobre a proveniência de valores de clientes. Então, da Ângela, já nem digo", afirmou.

Mbanda Henning confirmou ainda que a sua irmã Ângela Leão teria comprado um imóvel no bairro da Polana Cimento, também na zona nobre de Maputo, a um valor de 1,6 milhões de dólares. Este valor foi transferido pela Privinvest, segundo a acusação, para a conta da empresa M.Moçambique Construções, de Fabião Mabunda.

"No entanto, a titularidade deste imóvel consta ao nome da ré Mbanda. Este imóvel pertence a si?", questionou a procuradora. "Pertence à minha irmã Ângela", disse. "Sendo irmã mais velha, ela pediu-me que pensasse em meu nome para salvaguardar interesses do filho dela. Achei por bem ajudá-la e não vi nenhum mal por isso", acrescentou.

Esta é a quarta semana do julgamento do maior escândalo de corrupção em Moçambique, que lesou ao Estado moçambicano em mais de 2,2 mil milhões de dólares.

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