Duelo Wade versus Sall no Senegal

Observadores da União Europeia, disseram esta terça-feira em Dacar que contam com uma segunda volta na eleição presidencial no Senegal, que deverá ter na corrida o presidente cessante Abdoulaye Wade e o seu ex-primeiro ministro Macky Sall.

Resultados provisórios

Os resultados parciais colocam Wade em primeiro lugar com cerca de um terço dos votos, mas longe dos 50% necessários para ser eleito logo na primeira volta. Na perspetiva deste duelo, os jogos de bastidores e as manobras políticas já começaram com vista a captar os apoios dos candidatos que estiveram na primeira volta e que agora vão estar fora da corrida.
Com um pouco mais de 25% dos sufrágios expressos, Macky Sall já pode contar com o apoio dos seus aliados do M23-Movimento 23 de junho, a plataforma da oposição e da sociedade civil que contestou, até ao fim, a candidatura de Abdulaye Wade. O porta-voz do PS senegalês, Abdoulaye Wilane disse à DW África que “nada ainda está decidido.”  

Redistribuição de votos

O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Cheikh Tidiane Gadio, não esperou muito para decidir apoiar o candidato liberal Macky Sall. Cheikh Tidiane Gadio, exortou nomeadamente Macky Sall a elaborar com os outros candidatos oriundos do M23, uma plataforma com uma ampla frente da cidadania e que lhe vai permitir enterrar para sempre o sonho de uma evolução dinástica do poder no Senegal.
Os principais opositores à candidatura de Wade, proclamaram como palavra de ordem comum "Tudo menos Wade", prometendo desta forma unir-se ao candidato da oposição melhor colocado para a segunda volta.
Entretanto, no campo do presidente cessante, já se admite a realização de uma segunda volta, como deixou entender num encontro com a imprensa El Hadj Amadou, um dos responsáveis da campanha eleitoral de Wade embora os apoiantes pareçam não estar preocupados com as alianças que já se desenham e que poderão beneficiar o adversário numa segunda volta.

Tarefa difícil para Wade

Alguns analistas consideram que uma segunda volta poderá ser uma tarefa difícil para Wade que atualmente já não dispõe de uma reserva de votos. Babacar Gaye é porta-voz do PDS, o Partido Democrático Senegalês que apoia Abdoulaye Wade e diz que "tudo que queremos é preservar as pessoas que preferiram votar a favor do candidato Wade. E não é evidente que os líderes políticos que conseguiram reunir multidões nas suas respetivas campanhas eleitorais, possam agora fazer o mesmo em relação ao candidato Sall contra o candidato Wade".

Entretanto, a missão de observação eleitoral da União Africana, tal como a da União Europeia, saudaram esta terça-feira a forma como decorreu este pleito eleitoral. Os observadores lamentaram contudo as violências que mancharam a campanha e que fizeram várias vítimas mortais.

Autor: Dirke, Köpp / António Rocha
Edição: Carla Fernandes / Nádia Issufo