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Detido jornalista que criticou atuação da polícia angolana

Nádia Issufo28 de maio de 2015

O jornalista angolano Valentino Mateus foi preso quarta-feira (27.05) no Lubango. A detenção aconteceu quando o correspondente se preparava para entrevistar o comandante provincial da polícia na Huíla, Albino de Abreu.

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Foto: DW/A. Vieira

Ao que tudo indica, não haverá motivos para a detenção do jornalista. Sabe-se, no entanto, que Mateus fez recentemente um trabalho crítico sobre a atuação da polícia angolana.

A DW África conversou com o padre Jacinto Pio Wacussanga, residente na Huíla, no sul de Angola, que relata o que aconteceu e questiona a actuação da polícia.

DW África: Em que circunstâncias foi detido o jornalista Valentino Mateus?

Jacinto Pio Wacussanga (JPW): Tanto quanto sei, foi quando ele quis fazer uma entrevista ao comandante provincial adjunto da Polícia da Huíla. Ele já tem feito este trabalho com o comandante provincial, o titular. De acordo com informações, desta vez não encontrou o titular, mas sim o adjunto do Comando Provincial da Huíla. Este adjunto inquiriu-o para ver se ele pertencia a algum órgão local. Ele disse que pertencia à LAC, a rádio Luanda Antena Comercial. Mandaram-nos tirar o cinto, o calçado e os atacadores e foi depois levado para a cadeia, onde está neste momento. Ele não cometeu nenhum crime. Não houve nenhum mandato de captura. Houve simplesmente r uma ordem para ele ser preso.

DW África: Então trata-se de uma detenção arbitrária?

JPW: Absolutamente. É uma detenção arbitrária porque não se baseou em nenhum evento da parte de Valentino Mateus que tenha violado a lei em todas as suas disposições. É mais abuso de poder do que outra coisa, infelizmente.

[No title]

DW África: O que se diz é que ele é acusado de ser um "falso jornalista". Confirma isso?

JPW: Valentino Mateus não é um falso jornalista porque ele trabalhou durante muito tempo para a Rádio Ecclesia. Era o correspondente da Rádio Ecclesia no Lubango. E ultimamente tem estado a trabalhar para a rádio LAC e tem estado a fazer o seu trabalho. Não é a primeira vez que ele entrevista o comandante provincial da Polícia Nacional na Huíla, só que desta vez quem o recebeu foi o adjunto. E, naturalmente, a situação saiu do controlo com o adjunto.

DW África: Valentino Mateus recentemente fez um trabalho crítico em relação à atuação da polícia de Angola. Na sua opinião, terá sido esse o motivo da detenção?

JPW: De facto, também algumas vozes falam desse trabalho. Como não cheguei a vê-lo, não posso testemunhar até que ponto esse trabalho é crítico ou não. Mas o contexto geral é esse em Angola, infelizmente. Quanto mais nos encaminhamos para as eleições de 2017, o ambiente está a ficar apertado.

[O ativista] José Marcos Mavungo foi preso sem causa formada só porque quis pôr em prática o direito à manifestação, consagrado na Constituição. Rafael Marques está indiciado. E agora o Valentim Mateus. Mas o contexto geral infelizmente é este. Os poucos espaços de liberdade que sobravam estão gradualmente a fechar-se. Isto está a ficar mal. A nós, observadores externos, parece-nos que os representantes do regime - os mais radicais - estão a assumir as rédeas e isso é muito preocupante para o exercício das liberdades fundamentais.

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