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Demolições ameaçam comunidade na Beira

Arcénio Sebastião (Beira)
24 de outubro de 2018

Mais de 40 residências podem ser demolidas nos arredores da cidade da Beira, na província moçambicana de Sofala. Os moradores protestam, mas a edilidade afirma que o local tem dono e deverá ser desocupado.

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Moradores protestaram contra a notificação da edilidadeFoto: DW/A. Sebastiao

A ameaça de demolição de cerca de 40 casas construídas alegadamente de forma desordenada na comunidade de Ndunda, nos arredores da cidade da Beira, na província de Sofala, centro de Moçambique, chegou de surpresa aos mais de 800 habitantes da comunidade, entre os afetados e vizinhos.

O aviso foi feito na terça-feira (16.10) da semana passada através de notificações escritas. Os moradores teriam 48 horas para deixar as suas casas, segundo informou a edilidade. A medida gerou indignação entre os residentes, que por outro lado asseguram que não vão abandonar o bairro.

"Está aí aquele espaço de crocodilos. Não tem ninguém, porque não querem fazer nada naquele espaço. Agora [a edilidade] vem aqui nos ameaçar. As nossas casas estão prontas", relatou uma moradora, que questiona: "para aonde iremos com os nossos filhos?"

Outro residente da comunidade diz que já tem uma casa com quarto e sala prontos. Ele protesta: "já querem destruir minha casa!".

Demolições ameaçam comunidade na Beira

Moradores aguardam fiscalização

Entretanto, passado o prazo de 48h da notificação, nenhuma demolição aconteceu. Os residentes em Ndunda relatam que desde a fundação do bairro, quando o local era ainda era uma mata, a fiscalização da edilidade nunca se fez presente – nem mesmo para chamar a atenção aos que construíam casas no local.

Agora, os moradores esperam que as ordens municipais sejam cumpridas e prometem medidas duras contra a equipa de demolição, segundo afirmou uma residente. "Eu dormia em cima de cobras, mas hoje em dia, que estão a ver pessoas, estão a dizer que querem tomar esse espaço. Aqui vivíamos em três casas, agora está cheio e vocês vieram. Não estou a gostar, vamos morrer todos", disse a senhora, referindo-se à edilidade.

"Terreno tem dono"

A DW África ouviu o vereador para área de urbanização no município da Beira, Albano Cariche, que mostrou um recuo na decisão. Mas ele garante que o espaço pertence a outro proprietário.

Sem avançar detalhes, Albano Cariche assegurou que a referida área é uma reserva para a construção de uma escola privada. O responsável disse também que "as notificações são para que as pessoas apresentem documentos que comprovem que estão a viver lá legalmente".

Mas há um munícipe que tem opinião diferente. "Disseram que este terreno pertence a uma proprietária estrangeira que já legalizou documentos para este espaço. Afinal de contas, nós quando chegamos aqui não encontramos nenhum sinal".

Até ao fecho desta reportagem, o vereador para área da urbanização não avançou o que poderá acontecer com a comunidade, se serão alojados em outro local ou se vão receber alguma indemnização ou ajuda para mudar-se.

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