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Declarado fim do surto de cólera em Cabo Delgado

Delfim Anacleto
18 de junho de 2021

As autoridades sanitárias de Cabo Delgado declararam o fim do surto mais prolongado da história da província no norte de Moçambique. Reforçam agora os apelos para a observância da higiene para prevenir novos casos.

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Centro de tratamento em PembaFoto: DW/D. Anacleto

Em fevereiro de 2020, eclodiu um surto de cólera nos distritos de Mocimboa da Praia, Ilha do Ibo e Macomia. Devido à movimentação da população, o vibrião colérico – a bactéria que causa a cólera - alastrou-se rapidamente para Pemba, Montepuez, Ancuabe, Chiúre e Metuge.

Ao todo, foram oito distritos abrangidos, afetando cumulativamente cerca de seis mil pessoas e resultando em 54 óbitos.

"A província desdobrou-se na implementação de todas as medidas, por um lado de prevenção, mas sobretudo para o manejo de casos de doentes com desidratação grave que iam entrando ao nível dos centros de tratamento de cólera que foram sendo abertos nestes distritos", afirma o diretor provincial de saúde em Cabo Delgado, Magide Sabune.

Dos oito distritos afetados, Ibo e Macomia foram os que registaram maior número de mortes. Para debelar o surto, as autoridades sanitárias instalaram Centros de Tratamentos de Cólera.

Momentos dramáticos

Paulino Juma, morador do bairro de Maringanha, em Pemba foi um dos pacientes que contraiu cólera e viveu momentos dramáticos no hospital. "Fui socorrido ao hospital. Nessa altura eu não me conseguia reconhecer. Aplicaram-me soros e somente um dia depois é que voltei a sentir-me. Mas as diarreias continuavam", recorda o sobrevivente.

Mosambik Klinik in Metuge
Centro de tratamento em MetugeFoto: Adrian Kriesch/DW

Juma ficou tão doente que a família temeu pela sua vida. "Passei mal até porque a minha mãe não pensava que eu recuperaria."

Paulino Juma sabe como contraiu cólera. Desde que melhorou, reforçou as medidas do higiene em casa e tem sensibilizado a sua comunidade a manter limpos os espaços circundantes.

Reforçar a higiene

Faque Juma é outro morador de Pemba. Apesar de nunca ter contraído cólera, está ciente do risco que a doença representa. "Tive um amigo que morreu por causa desta doença. Ela é muito perigosa. E a causa é não controlar a sua higiene: deixar pratos sujos, utilizar casas de banho e não lavar as mãos com sabão, brincar com lixo", diz.

Desde abril, a província de Cabo Delgado não registou mais internamentos por causa da cólera. O que permitiu ao diretor provincial de saúde declarar o fim do surto. "Completos os respetivos períodos regulamentares em todos os oitos distritos sem registo de internamento de nenhum caso, e feitas as respetivas investigações laboratoriais a todos os casos de diarreia ligeira e ambulatório que foram sendo assistidos, sem evidência de vibrião colérico nos pacientes, encerramos os centros de tratamento e declaramos os distritos e a província de Cabo Delgado livre do surto de cólera", anunciou.

O que não significa que a população possa agora desleixar as precauções e os cuidados de higiene, disse Magid Sabune, apelando ao sentido de responsabilidade de todos os cidadãos para precaver novos surtos.

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