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Darfur

Sylvanus Karamera / António Rocha8 de maio de 2015

Observadores notam que a situação no Darfur, no Sudão, parece agora um pouco esquecida, embora isso não signifique que a população tenha ultrapassado os seus inúmeros problemas.

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Soldados da missão de paz conjunta da União Africana e das Nações Unidas no Darfur (MINUAD)Foto: picture-alliance/dpa

Elfasher é a principal cidade da região de Darfur, uma cidade numa zona semi-árida e devastada pela guerra dos últimos 12 anos.

A poeira e as altas temperaturas devido à falta de pluviosidade durante quase um ano complementam o sofrimento vivido pela população da região. E como se isso não fosse suficiente, a guerra que foi travada pela rebelião árabe, conhecida como milícia djandjawid, contra as tropas governamentais não cessa.

Elfasher é patrulhada dia e noite pelas forças de paz das Nações Unidas. Não é fácil encontrar alguém disposto a falar. Até que o repórter da DW se deparou com Bakri Ahmed Adam, que se formou em Cartum, a capital do país, antes de voltar para casa em Darfur.

Bakri lamenta a situação na sua região de origem onde as perspectivas não são nada encorajadoras. "A situação é muito má, a região não tem Governo, as emboscadas e os roubos são frequentes e o número de pessoas mortas quotidianamente é elevado", conta.

Ainda de acordo com Bakri, "desconhecem-se os autores dos assassinatos e a maioria das pessoas que se encontra neste campo eram pastores e agricultores nas áreas rurais, mas devido à insegurança reinante nas suas regiões tiveram que migrar para a cidade."

Críticas ao Governo

Juntando-se à conversa com a ajuda de um intérprete, Ahmed Ibrahim Kourouma, de 55 anos e pai de cinco crianças, aponta o dedo crítico ao Governo central, que segundo diz pouco ou nada tem feito para diminuir o sofrimento das populações. "Não há qualquer controlo por parte do Governo e ninguém se preocupa em dar resposta às necessidades básicas das pessoas, como abrigo, comida e água."

Todos os esforços desenvolvidos pelo repórter da DW no sentido de obter uma reação do Governo sudanês foram infrutíferos.

A missão de paz da ONU em Darfur, a MINUAD, com um efetivo de 13.000 tropas, apesar de já estar no terreno há mais de seis anos ainda não conseguiu pacificar a região de Darfur. Daí que muitos se interroguem sobre a permanência por mais tempo da MINUAD na região.

O vice-comandante da força, o major-general Barra Keita, denuncia a falta de clareza sobre a forma como as forças devem realizar a sua missão. "Quando uma pessoa frequenta uma academia militar, ela é treinada para ações de ofensiva e de defesa. Mas as tropas que estão nesta missão nunca aprenderam a proteger civis nos campos de refugiados ou nas aldeias. Na verdade participam numa missão, mas no terreno eles não sabem como atuar", afirma.

Sudanesischer Präsident Omar al-Baschir
Omar al-Bachir, Presidente do SudãoFoto: Ashraf Shazly/AFP/Getty Images

Cartum quer MINUAD fora de Darfur

Ex-comandante da MINUAD e atual chefe de equipe da Defesa das Forças de Defesa do Ruanda, o general Patrick Nyamvumba adverte, por seu turno, que devem ser tomadas medidas rigorosas, incluindo a possível retirada se a missão das forças de paz falhar na sua tarefa de pacificação da região.

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Homens da MINUAD patrulham Shangil Tobaya, uma áera de refugiadosFoto: ASHRAF SHAZLY/AFP/Getty Images

O Ruanda foi dos primeiros países a contribuir para a missão em Darfur. "O que eu posso prometer é que as tropas que fazem parte da missão, pelo menos os do Ruanda, têm a obrigação de serem treinadas para combater", afirma Patrick Nyamvumba. "E se não podem fazer isso para a manutenção da paz, fica sem sentido a missão da qual fazem parte. E neste caso é preferível que regressem aos seus respetivos países de origem", conclui.

Instalada em Darfur desde 2007, a MINUAD é uma das mais importantes missões de manutenção da paz no mundo. Tem enfrentado crescentes pressões das autoridades sudanesas para se retirar do país.

As tensões com Cartum surgiram à volta de uma exigência onusiana para a abertura de um inquérito sobre acusações de violações atribuídas a militares sudaneses em Darfur em outubro passado.

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