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Dívidas ocultas: Arguidos admitem levantamento de cheques

23 de setembro de 2021

Estafetas da casa Africâmbios disseram em tribunal que levantaram cheques na ordem dos 86 mil euros. São indiciados de estarem ligados ao maior escândalo financeiro em Moçambique.

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(Foto de arquivo)Foto: Romeu da Silva/DW

O réu Naimo Quimbine confirmou esta quinta-feira (23.09) em tribunal que levantou o dinheiro de 11 cheques, num valor equivalente a cerca de 75 mil euros. Os cheques eram a favor da empresa Africâmbios, onde Quimbine trabalhava como estafeta.

Quimbine referiu que os cheques eram da M.Moçambique Construções, uma empresa do arguido Fabião Mabunda, acusado de ter recebido cerca de 7,6 milhões de euros da Privinvest, que é suspeita do pagamento de subornos. Mas o réu Naimo Quimbine negou conhecer Mabunda.

O juiz Efigénio Baptista confrontou-o, no entanto, com declarações anteriores, durante a fase de instrução preparatória.

"A uma pergunta colocada, respondeu que conhece Fabião Salvador Mabunda, mais conhecido por Mabunda, e cliente da Africâmbios. Confirma ou não confirma?", questionou o magistrado.

"Essas declarações, meritíssimo, não confirmo", respondeu Quimbine.

"Dão-me o cheque, eu vou levantar"

O Ministério Público pediu que o réu Naimo Quimbine provasse que o montante dos cheques foi levado à gerência da Africâmbios através do seu colega, o co-réu Khessuajee Polchand. Mas Quimbine respondeu que não tem como fazer isso.

"Eu nunca assinei nenhum documento. Dão-me o cheque, eu vou levantar o cheque e vou entregar", afirmou apenas.

Veja imagens da audição de Ndambi Guebuza

O Ministério Público quis igualmente confrontar o réu com as declarações na fase de instrução, mas este recusou-se a comentar, alegando que, na altura, "estava nervoso e a chorar".

O juiz da causa perguntou depois ao arguido: "A pessoa quando está a chorar não fala a verdade?"

"Meritíssimo, nunca parei numa esquadra para resolver um problema. Para chegar na Procuradoria-Geral da República, eu, no lugar de estafeta, nem imaginava, meritíssimo. Aquele lugar para mim e as questões que eram lá feitas, nem entendia", frisou Naimo Quimbine.

Alice Mabote, advogada de defesa do réu Khessaujee Polchand, colega de Quimbine, quis saber se os cheques que o réu levantava da M.Moçambqiue Construções passavam pelas mãos do seu cliente.

"Todas as vezes que era mandado levantar os cheques era pela via do senhor Khessaujee?", questionou. O arguido respondeu que não.

"Verificou quem era o dono dos cheques ou só foi levantar?", insistiu a advogada.

"Só fui levantar", rematou Quimbine.

Nesta quinta-feira foi também ouvido o réu Simione Mahumane, outro funcionário da Africâmbios, que admitiu ter levantado um cheque de mais de 11 mil euros, emitido pela M.Moçambique Construções. Foi a mais curta audição de um réu no julgamento das dívidas ocultas.

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