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Crise no Governo alemão. Será que Merkel vai resistir?

gcs | ac | kas | Lusa
28 de junho de 2018

Líderes dos 28 países da União Europeia reúnem-se esta quinta-feira em Bruxelas. Em foco, a política de migrações. É um tema que divide a Europa e a própria coligação governamental na Alemanha.

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Angela Merkel: chanceler da AlemanhaFoto: picture-alliance/AP Photo/M. Schreiber

A chanceler alemã Angela Merkel tem tido dias difíceis. Para a cimeira de dois dias do Conselho Europeu, que começa esta quinta-feira (28.06) em Bruxelas, Merkel leva na bagagem um grande problema por resolver: a maior crise de sempre no seu Governo.

A liderança de Merkel está a ser questionada por um parceiro de longa data. Os conservadores bávaros da União Social-Cristã (CSU), liderados pelo ministro do Interior, Horst Seehofer, recusam a entrada de migrantes que já tenham pedido asilo em outros países europeus. O ministro ameaça dar ordens para os enviar de volta, à revelia da chanceler. Mas Angela Merkel rejeita tiradas unilaterais e diz que é a União Europeia que, em conjunto, deve resolver o problema.

Até agora, nem Seehofer, nem Merkel deram o braço a torcer.

Eleições à porta

Os três partidos da coligação - a União Democrata-Cristã (CDU) de Merkel, a CSU de Seehofer e o Partido Social-Democrata (SPD) - reuniram-se no início desta semana para debater as divergências, mas não alcançaram consensos.

Gedenktag für die Opfer von Flucht und Vertreibung mit Bundeskanzlerin Angela Merkel (CDU) und Horst Seehofer (CSU), Bundesminister des Innern, für Bau und Heimat
Chanceler alemã Angela Merkel e ministro do Interior Horst Seehofer Foto: picture-alliance/dpa/K.Nietfeld

"Este conflito não gira em torno de um tema insignificante, mas sim de um ponto central e importante. É por isso necessário que os pontos de divergência sejam discutidos com calma e empenho", afirmou Volker Kauder, o chefe do grupo parlamentar conjunto da CDU e CSU. 

Em outubro, o estado federado da Baviera realiza eleições e as intenções de voto na CSU diminuem de mês para mês. Ao mesmo tempo, o partido anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD) sobe nas sondagens. 

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, os dois partidos irmãos democrata-cristãos "dividiram" a Alemanha entre si: a CDU candidata-se em todos os estados federados, menos na Baviera, enquanto a CSU só está presente neste estado. No Parlamento federal, os dois partidos costumam juntar-se para formar um único grupo parlamentar. Apenas em 1976 houve uma decisão da CSU de expandir a sua presença para o resto da Alemanha. Poucos meses depois, esta ideia foi descartada. 

E agora?

O futuro da coligação governamental alemã e da união entre a CDU e a CSU está em aberto. Em Bruxelas, Angela Merkel deverá procurar uma solução europeia conjunta que a ajude a resolver a crise no seu Governo.

A CSU na Baviera anunciou que, no domingo, avaliará se os esforços da chanceler foram frutíferos. Se não for esse o caso, Seehofer poderá sair do Governo e arrastar consigo o partido. Se isso acontecer, há muitos observadores que acham possível o fim da coexistência da CDU e CSU e uma possível expansão dos dois partidos aos territórios de cada um.

Merkel teria de formar um novo Governo - talvez com os Verdes ou com os Liberais (FDP). Também há a possibilidade de novas eleições ou de formação de um governo minoritário. 

Os Verdes ganham com a crise

Crise no Governo alemão. Será que Merkel vai resistir?

Este tem sido um dos partidos que mais tirou proveito da crise e está a subir nas sondagens (tal como a AfD).

Merkel equacionou os Verdes como um possível parceiro de coligação depois das eleições de setembro de 2017. O partido recusa o extremismo da AfD e apoia a política de migração da chanceler - após o escrutínio, só não entrou para o Executivo por oposição do outro possível parceiro de coligação, os liberais do FDP.

Depois da saída dos liberais das negociações, o CDU e o CSU fecharam no início de 2018 uma "grande coligação" com os social-democratas (SPD).

E o atual parceiro de coligação?

Para já, o SPD, que também está no Governo de Merkel, tem estado do lado da chanceler. A líder dos sociais-democratas, Andrea Nahles, pede igualmente uma solução europeia e rejeita atos unilaterais, como advoga o ministro do Interior Seehofer (CSU).

"Se a Alemanha passasse a rejeitar a entrada de refugiados no território alemão, isso seria uma violação das leis europeias", afirmou Nahles.

"O SPD não pode ser o mediador entre a CDU e a CSU, que têm de resolver as suas diferenças, mas o compromisso a que chegarem tem de ser discutido connosco", acrescentou.

Seehofer invoca o chamado Protocolo de Dublin. Segundo este acordo, os pedidos de asilo devem ser analisados no Estado europeu de entrada do refugiado. Mas isso penalizaria sobretudo a Itália e a Grécia, os principais países de chegada de migrantes que atravessam o Mediterrâneo rumo à União Europeia.

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