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Crianças com necessidades especiais sem acesso à escola

Conceição Matende
2 de janeiro de 2022

Em Moçambique, o ensino para crianças com necessidades educativas especiais está longe da realidade adequada na província do Niassa. Das 600 escolas em Lichinga, por exemplo, apenas uma possui condições.

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Mosambik Niassa Kinder mit Behinderung
Há mais de 1.700 alunos com necessidades educativas especiais em Lichinga. Foto: Conceição Matende/DW

Atualmente, há mais de 1.700 alunos com necessidades educativas especiais em Lichinga, o que representa um crescimento na ordem de 12,6% em todos os subsistemas de ensino, se comparado a igual período do ano passado.

Mas, das seiscentas escolas existentes, só uma tem condições para leccionar estas crianças.

No âmbito da inclusão escolar de alunos com necessidades educativas especiais, alguns precisam ser levados para outras províncias com recursos e condições de ensino para os petizes, explica Marcelino Ferreira, diretor dos Serviços Distritais de Educação Juventude e Tecnologia.

Recrutamento de profissionais

"Existe um grande desafio em termos de recrutamento de profissionais [...]. Há professores formados nestas áreas, [mas] para o ensino secundário nós temos um défice", explica, porém que "os profissionais são desafiados a encontrar estratégias para superar estas dificuldades", acrescenta.

Para Victor Maulana, diretor executivo da Associação Amigos da Criança Boa Esperança (ACABE), a província do Niassa não possui condições para leccionar crianças com necessidades especiais - e está longe de alcançar a inclusão educativa destes alunos.

Ankunft des Zugs nach Lichinga
A província do Niassa é criticada por não possuir condições para leccionar crianças com necessidades especiais. Na imagem, a populares da cidade de Lichinga (foto de arquivo).Foto: DW/M.David

"Existe uma grande lacuna na província do Niassa, não há professores formados em línguas de sinais, braile etc. para satisfazer o ensino inclusivo na província", argumenta. "Há aquelas crianças com problemas de deficiência físico-motora, e a maioria fica em casa, porque não tem meios de compensação", diz.

Cadeiras de rodas

"Muitas delas não tem ido à escola porque não tem cadeiras de rodas, muletas. A maioria é de famílias vulneráveis, e os seus progenitores não têm condições de levá-las à escola", acrescenta.

Alguns pais e encarregados de educação também estão insatisfeitos com o défice que a província apresenta e, por isso, procuram meios alternativos para resolver a falta de professores especializados para leccionarem as crianças com diferentes tipos de deficiência. 

É o que explica Ageu dos Santos, pai de uma criança deficiente visual. Segundo ele, em Lichinga, a maioria das crianças que pode estudar é mesmo aquela parte de crianças que não têm deficiência. 

Santos diz, contudo, que pela convivência com seu filho, aprendeu algumas técnicas de ensino e decidiu educar o filho em casa: "ensino aquilo que eu consigo, mas não é uma coisa que se pode garantir", desabafa.

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