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África entre combustíveis fósseis e renováveis

Ajit Niranjan | rl
6 de dezembro de 2019

Continente é responsável por menos de 4% das emissões globais de CO2, mas esforça-se para fornecer eletricidade a toda a população. Infraestruturas construídas hoje poderão ter enorme impacto nas emissões futuras.

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DW eco@africa Sendung #63
Foto: DW

O continente africano é o que menos contribui para o aquecimento global e o que mais tem sofrido com as alterações climáticas.  É também aquele que enfrentará, nos próximos anos, os maiores desafios ao nível da produção de energia, uma vez que a sua população deverá duplicar até 2050. Atualmente, apenas cerca de metade dos africanos têm acesso à eletricidade.

Apesar de África ser responsável por apenas 3,7% das emissões de dióxido de carbono (CO2) globais por ano, os esforços para atender às necessidades energéticas de uma população em forte crescimento ameaçam mudar este cenário.

Cientes desta realidade, vários países africanos têm-se mostrado empenhados no "crescimento verde", fechando a porta ao consumo de combustíveis fósseis em massa, como aconteceu no passado em vários outros continentes.

A Etiópia é um dos exemplos, diz Chukwumerije Okereke, diretor do Centro para as Alterações Climáticas e Desenvolvimento da Universidade Federal Alex Ekwueme, na Nigéria: "É apenas um de muitos países africanos a expressar um desejo profundo de evitar os erros cometidos pelos países ocidentais no caminho que escolheram para o rápido desenvolvimento económico".

Ambição e vantagens

As metas são ambiciosas: a Etiópia, a economia que mais cresce em África, consome mais de 90% da sua electricidade a partir de energias renováveis - sobretudo biomassa – e está a construir a maior barragem hidroeléctrica do continente no rio Nilo. Até 2025, é seu objetivo tornar-se um país de Desenvolvimento Humano Médio, mas sem aumentar significativamente as emissões de gases de efeito de estufa.

África entre combustíveis fósseis e renováveis

Por seu lado, o Quénia, onde está o maior parque eólico africano, pretende ser totalmente abastecido por energia renovável já no próximo ano e levar eletricidade a toda a população até 2022. A África do Sul, o Ruanda e a Nigéria também adotaram estratégias para dissociarem prosperidade e emissões.

Passando das centrais elétricas a carvão e petróleo para o gás natural, um combustível menos poluente, e promovendo as fontes de energia renováveis locais, África pode cortar nas emissões de CO2 ao mesmo tempo que aumenta o acesso à energia e à segurança, diz uma análise da Comissão Económica para África da ONU de 2017.

"Hoje, os combustíveis fósseis já não são competitivos, de todo. Os custos das operações, da manutenção, são extremamente altos. As energias renováveis são muito mais competitivas, comparando com as fósseis, atualmente, em África", considera Ibrahim Togola, fundador do Mali Folkecenter, um centro dedicado às energias renováveis.

Combater os lobbies

No entanto, a falta de financiamento continua a ser uma barreira, lembra Togola: "Temos muitos recursos, temos muito potencial. Mas o problema são os lobbies, o acesso ao financiamento. As energias renováveis não têm o lobby que os combustíveis fósseis têm para verem os projectos aprovados", sublinha.

O especialista critica ainda a falta de vontade política no continente e afirma que é preciso "ir além das palavras e fazer os negócios, disponibilizar os investimentos para o sector privado, para que as energias renováveis sejam uma realidade em África".

"É disso que precisamos: investimento adequado e uma resposta efetiva à enorme necessidade de energia em África", conclui.

O continente africano é rico em fontes de energia renováveis, como são exemplo a eólica e a solar. No entanto, não tem estado a aproveitar estes recursos. De acordo com a Agência Internacional da Energia, neste momento, todo o continente africano gera menos energia solar do que países como o Reino Unido ou a Alemanha, que têm muito menos horas de sol.