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SaúdeGlobal

Covid-19: África ultrapassa um milhão de casos

AP | Lusa | mjp
7 de agosto de 2020

Continente africano conta ainda mais de 21 mil mortes. Mas especialistas afirmam que os números reais poderão ser muito mais elevados, devido aos casos não detectados por falta de testes.

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Südafrika Corona-Pandemie
Foto: Getty Images/AFP/M. Spatari

Os casos confirmados de coronavírus em África utrapassaram um milhão – um "ponto marcante", segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), numa altura em que o número de infeções está a aumentar em vários países.

No entanto, os especialistas em saúde dizem que o balanço real é provavelmente muito superior, refletindo a falta de testes para os 1,3 mil milhões de habitantes do continente.

Segundo os dados oficiais, mais de 21 mil pessoas morreram de Covid-19 em África. A África do Sul continua a ser o país mais afetado, com mais de metade dos casos confirmados em todo o continente (538.184) e quase metade dos óbitos (9.604 mortes).

O Egito registou quase 95 mil casos e a Nigéria quase 45 mil. Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné Equatorial lidera em número de casos e de mortos (4.821 infetados e 83 óbitos), seguindo-se Cabo Verde (2.689 casos e 27 mortos), Guiné-Bissau (2.032 casos e 27 mortos), Moçambique (2.120 casos e 15 mortos), Angola (1.483 infetados e 64 mortos) e São Tomé e Príncipe (878 casos e 15 mortos).

África do Sul é alerta para o resto do continente

Süfafrika Johannesburg | Covid-19 Impfstoff Tests beginnen
Voluntários de um teste a uma vacina contra a Covid-19, em JoanesburgoFoto: picture-alliance/AP Photo/S. Sibeko

Ainda assim, África é o continente com o segundo menor número de casos confirmados, depois da Oceânia. Com a noção imediata de que partiam em desvantagem, as nações africanas uniram esforços no início da pandemia para tentar angariar testes e material médico, bem como advogar para o acesso igualitário a uma eventual vacina. O rápido encerramento das fronteiras atrasou a propagação do vírus.

Mas o país mais desenvolvido do continente, a África do Sul, tem tido dificuldades em lidar com a rápida ocupação das camas dos hospitais e os casos confirmados já são mais de meio milhão, com o país a ocupar o quinto lugar da lista de países com mais infeções em todo o mundo. Apesar do elevado número de testes e da recolha de dados mais extensiva do continente, na semana passada, um relatório do Conselho Sul-Africano de Investigação Médica revelou que muitas mortes por Covid-19 não estão a ser contabilizadas.

É um aviso aos restantes 53 países do continente sobre o que poderá estar para vir. Apesar de as previsões iniciais sobre a pandemia não se terem concretizado, "achamos que será um processo lento", disse a diretora da OMS para África, Matshidiso Moeti, na quinta-feira (06.08).

Apenas dois países africanos estavam equipados para testar o coronavírus no início da pandemia. Agora, praticamente todos têm capacidade básica, mas faltam muitas vezes os materiais. Alguns países têm apenas uma máquina de testagem. Vários realizam menos de 500 testes por um milhão de pessoas, enquanto nos países mais ricos se fazem centenas de milhares de testes. E as amostras podem demorar vários dias a chegar aos laboratórios. Além disso, África tem apenas 1.500 epidemiologistas, um défice de cerca de 4.500. No total, os países africanos realizaram 8.8 milhões de testes desde o início da pandemia, muito abaixo do objetivo de 13 milhões do Centro para a Prevenção e Controlo de Doenças da União Africana (África CDC)

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"Uma janela de oportunidade"

As estimativas dos especialistas citados pela agência de notícias Associated Press colocam o total "real" do número de casos em África entre os 5 e os 14 milhões. A responsável da OMS para África, no entanto, rejeita a ideia de uma "enorme epidemia silenciosa" com milhares de mortes não contabilizadas no continente, embora admita que há casos que ficam por registar. "O que eu gostaria de ver, para estar realmente confiante, eram taxas de testagem mais altas", disse Moeti na semana passada, criticando o "mercado global distorcido" em que os países mais ricos têm a maioria dos materiais de testes, enquanto os mais pobres lutam para realizar algumas centenas por dia.

"Há muita coisa que não sabemos", admite o diretor do África CDC, John Nkengasong, apontando, no entanto, para a existência de uma "janela de oportunidade" para vencer a pandemia em África, onde a maioria dos países regista menos de 5 mil casos.

"Ainda temos uma janela de oportunidade para, como continente, vencer a pandemia porque 36 dos 55 estados-membros [da União Africana] ainda registam menos de 5 mil casos de Covid-19", disse John Nkengasong.

"Se fizermos um conjunto de coisas corretamente, agressivamente e consistentemente temos boas hipóteses de derrotar esta pandemia, o que inclui usar máscara e aumentar a testagem e a monitorização de casos", acrescentou.